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Acção dos cristãos na sociedade é a maior força cultural da Igreja

O cardeal patriarca de Lisboa recordou que “a acção dos cristãos no seio da sociedade” é a “maior força que a Igreja dispõe”.

Na missa da solenidade de Santa Maria Mãe de Deus (1.1.2010), D. José Policarpo assinalou igualmente que a “cultura tem papel essencial na renovação dos paradigmas”.

“Se percebermos que a solução para todos (...) [os] graves problemas da sociedade exige uma profunda revolução cultural e civilizacional, talvez passemos a pôr o acento onde ele deve ser posto: na educação, na família, na comunicação social, nas estruturas culturais, no fundo, na formação para a liberdade, cujo exercício legítimo supõe sempre a responsabilidade da promoção do bem comum.

Excertos da homilia da eucaristia, celebrada em Oeiras:

“(...) A Igreja tem consciência da sua responsabilidade em todas as grandes causas da humanidade, na busca da superação dos problemas com que esta se confronta em cada tempo, e os obreiros dessa contribuição da Igreja para o progresso da civilização são todos os cristãos, inseridos no realismo da cidade dos homens, eles que na sua fé dão densidade real a esse novo diálogo dos homens com Deus.

A Igreja é necessária às grandes causas da humanidade. O Santo Padre Bento XVI afirmou-o claramente na sua recente Encíclica: “A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do ser humano, da sua dignidade, da sua vocação”.

O Santo Padre não fala de uma verdade teórica, mas de uma “verdade para cumprir”, isto é, para pôr em prática, porque a verdade que a Igreja aprende de Jesus Cristo identifica-se com a caridade, e o amor é o dinamismo que pode transformar a sociedade. E acrescenta: “Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável”.

Os meios de que a Igreja dispõe para realizar a sua missão na transformação da sociedade são vários. Antes de mais o seu ensinamento, expressão desse novo diálogo entre os homens e Deus, que aponta os caminhos dessa “verdade para cumprir” e que contribui significativamente para a formação de uma consciência colectiva dos caminhos a seguir para a construção da comunidade humana.

Mas o meio de que dispõe, que pode ser o mais eficaz, é a acção dos cristãos no seio da sociedade, o que supõe que formam a sua consciência e se abrem generosamente a um ideal de humanidade que brota da sua fé em Jesus Cristo. A Igreja sempre considerou esse empenhamento dos cristãos na transformação da cidade dos homens, uma concretização da missão de anunciar e construir o Reino de Deus. (...)

E se os problemas são globais, a busca de soluções tem igualmente de o ser, o que supõe aprofundar a consciência da responsabilidade de cada homem por todos os homens. A humanidade está, como nunca, perante o desafio de renovação de civilização. (...)

Por vezes, parece esquecer-se, na busca de soluções, que estes problemas estão interligados, são causa-efeito uns dos outros e que exigem caminhos de solução de outra ordem e de outro âmbito. (...)

Para além da busca de soluções sectoriais, estamos perante um desafio de civilização, onde haja clareza de valores a promover e a defender. Trata-se de um paradigma de humanidade, lúcido na sua definição, possível na sua implementação.

Neste rever dos paradigmas civilizacionais, a cultura em todas as suas expressões, tem um papel insubstituível. O pragmatismo dos problemas sofridos e da busca de soluções leva as sociedades, desde os seus responsáveis aos diversos corpos sociais, a perder esse pano de fundo comum a todo o progresso social que é a cultura num quadro civilizacional. (...)

O exercício da liberdade deve ser inspirado, não pelos egoísmos de cada um, mas por um ideal generoso de humanidade. Espanta-me que se façam cimeiras sectoriais, sobre a preservação do ambiente, sobre a economia, sobre a crise financeira e que ainda não se tivesse dado o mesmo relevo a cimeiras de aprofundamento civilizacional. As próprias instituições que, no quadro internacional, têm essa finalidade, acabam por ser secundarizadas pela premência da busca de soluções sectoriais. Discutamos seriamente que humanidade queremos ser para legar aos nossos vindouros.

Num quadro de globalização, este debate tem de passar por um diálogo entre civilizações, onde a Igreja e as grandes religiões da humanidade têm a dar um contributo indispensável. Podem ajudar a fazer síntese entre valores perenes e inalienáveis para quem quer salvar a humanidade, e as expressões transitórias próprias de cada tempo e de cada povo: o respeito pela criação como dom de Deus e pela lei natural que não se pode agredir ao sabor de tendências ou necessidades de grupos específicos em tempo determinado; a generosidade que leva ao dom e à vitória sobre todos os egoísmos: a busca incansável da verdade, a prevalência do bem comum sobre interesses individuais, valores que deveriam tornar-se património assumido por toda a humanidade.”

 

rm
© SNPC | 01.01.10

Dom José Policarpo
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