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Vila do Conde

Tapetes de flores em honra do Corpo de Deus

No dia do Corpo de Deus, mais de três quilómetros de flores enfeitam as ruas por onde passará a procissão do Santíssimo Sacramento. Remontando a 1264, é a mais antiga da cidade.

A tradição de cobrir o núcleo antigo de Vila do Conde com tapetes de flores acontece de quatro em quatro anos. Moradores do velho burgo desfolham toneladas de flores, numa árdua tarefa que só acaba no dia do Corpo de Deus.

Folha a folha, pétala a pétala, aos poucos se vão enchendo as caixas de papelão onde se conservam o bucho, o funcho e os pampilhos, os primeiros a serem desfolhados quando começa a preparação dos tapetes de flores, pelos moradores do núcleo antigo. Durante duas semanas, centenas de vila-condenses juntam-se em várias casas para colaborar nesta minuciosa tarefa. "Os tapetes são feitos exclusivamente com flores, e todas as flores são desfolhadas pétala por pétala", garantiu Madalena Morais, uma das mais antigas moradoras da rua de São Bento, que colabora na feitura dos tapetes desde criança, "um trabalho que faço com muita fé e prazer".

 

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Fomos na direcção do rio e no cais das Lavandeiras disseram-nos que a população envelheceu e que muitos já abandonaram as casas. Apesar da escassa ajuda, os moradores mostram-se empenhados em cumprir com a responsabilidade, até porque "há sempre quem esteja disponível para colaborar", comentou Maria de Fátima, que um dia antes tinha recebido em sua casa um grupo de mulheres da rua da Lapa, "que debaixo de muito sol ainda foram colher pampilhos".

 

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Desde há duas semanas que o trabalho não pára na Praça da República e na Calçada do Lidador. "Começamos pelos pampilhos, para os conservar em arcas frigoríficas", frisou Isabel Ferreira, que apesar de ter muitos jovens a seu lado, considerou que "a vida actual impede os mais novos de participar mais activamente".

 

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É nesta altura que a tarefa assume o ponto alto. Aos verdes, que são o bucho e o funcho, juntam-se agora os pampilhos amarelos e não tarda muito chegam as rosas e as granjas, que por causa da conservação, são as últimas a serem desbulhadas.

 

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"É um trabalho que só termina quando os tapetes estiverem acabados, porque ninguém consegue prever se as flores são suficientes", explicou ao «Póvoa Semanário» Lurdes Pinto.

 

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A Câmara Municipal tem disponibilizado as suas viaturas e alguns funcionários, que todos os dias descarregam bucho, funcho e flores nos vários locais onde se desfolha. "Estamos a reforçar os arruamentos onde as pessoas dizem que há menos ajuda, para garantir que esta tradição não se perca", disse Mário de Almeida, presidente da autarquia, que registou também o facto de conseguirem mobilizar "muitos jovens neste processo, que é um misto de fé e de grande bairrismo".

 

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Os desenhos dos tapetes são guardados em segredo até à véspera do Corpo de Deus. Nesse dia, por volta das 22h00, a arte sai finalmente à rua. Os cerca de três quilómetros de tapetes começam a ganhar forma, em tons de verde, amarelo, vermelho e branco. Os motivos são quase sempre ligados à religião e ao mar.

 

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É um cenário único e de rara beleza, que leva a Vila do Conde milhares de pessoas. "A romaria começa na véspera, com gente de todo o lado a percorrer as ruas para ver a composição dos tapetes", lembrou o Prior, Domingos Lopes, que pela segunda vez vai assistir a esta invulgar manifestação de fé, já se trata de um trabalho com uma preparação prévia bastante exigente, mas que tem a finalidade de receber o Corpo de Deus, que irá passar por todas as ruas do centro histórico, "e essa é a prova do amor dos fiéis a Deus ".

 

Reportagem da RTP em 11.06.2009

 

 

 

 

 

Texto: Céu Salazar
In Póvoa Semanário/ Rede Expresso
Fotografias: adobraT, Feiras Feirinhas e Feirantes
26.06.09

Tapete de flores, Vila do Conde

 

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