Vemos, ouvimos e lemos
Projeto cultural
Pedras angulares A teologia visual da belezaQuem somosPastoral da Cultura em movimentoImpressão digitalVemos, ouvimos e lemosLigaçõesBreves Arquivo

Pina Bausch

O fim está sempre em aberto

A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu hoje aos 68 anos. A autora de "Café Müller", a única peça sua que interpretou, soube há cinco dias que sofria de cancro. O seu estilo expressionista, recebido como controverso, tornou-a a grande dama da dança contemporânea alemã.

"Pina Bausch morreu esta manhã [no hospital], de uma morte inesperada e rápida, cinco dias depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro", informou em comunicado Ursula Popp, a porta-voz do Tanztheater Wuppertal, a formação que a coreógrafa dirigia. "No domingo ela ainda esteve em cena com a companhia, na Ópera de Wuppertal", acrescentou ainda Popp.

Figura maior da dança moderna e contemporânea, Bausch era uma criadora consagrada e uma das maiores coreógrafas do mundo. Tendo crescido no hotel-restaurante dos seus pais, sempre se pensou que "Café Müller" era inspirado nessa sua experiência, na sua vida, algo que negou ao «Público» em entrevista em Abril passado. "Não tem nada a ver com a minha biografia. Chama-se 'Café Müller' mas não tem nada a ver com o facto de os meus pais terem tido um restaurante", disse.

Foto

"Esta peça nasceu de um convite para fazer um trabalho à volta do [dramaturgo britânico William] Shakespeare, um trabalho baseado numa passagem do 'Macbeth'. Éramos uns quantos bailarinos, alguns actores e um cantor. Tínhamos 14 dias até à estreia e achei que não era suficiente. Decidi chamar mais algumas pessoas o Gerhard Bohner, Hans Pop, Gigi Caciuleano para uma coreografia que se passasse apenas numa sala, o Café Müller, em que cada um poderia fazer pequenas danças e contar as suas próprias histórias, ou até usar a sua própria música." "No fundo, são quatro diferentes 'Café Müller' que fazemos juntos. Como vê, nada tem de privado ou pessoal."

"Café Müller" é, provavelmente, a sua peça mais conhecida, interpretada pela primeira vez em Portugal, há 15 anos, por ocasião da Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura e a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, que organizou um ciclo retrospectivo à volta da sua obra. No ano passado, o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, organizaram um ciclo de conversas, filmes e três peças: a estreia nacional de "Nefés", sobre Istambul, "Masurca Fogo", feita a partir de uma residência em Lisboa em 1998 e apresentada na altura, e novamente "Café Müller".

Foto

Reconhecidamente uma figura avessa a entrevistas e a falar em público, disse em entrevista ao «Público» em Maio do ano passado: "Nunca gostei de peças que se desenrolam num só nível; o ambiente das minhas está sempre a mudar, com o fim sempre em aberto. Eu também não sei. Há mais perguntas que respostas. Há muitas perguntas."

Foto

Nascida em Solingen, na Alemanha, a 27 de Julho de 1940, começou a estudar dança aos 14 anos na Escola de Folkwang, em Essen, com o coreógrafo Kurt Jooss, um dos fundadores do movimento Ausdruckstanz, uma corrente que combina movimento, música e elementos da arte dramática.

A passagem pela conceituada escola de dança norte-americana Juilliard permitiu-lhe o contacto com Anthony Tudor, José Limón e Mary Hinkson. Mais tarde, regressaria à Alemanha para integrar a companhia Folkwang, de Kurt Jooss - assinaria a sua primeira coreografia, "Fragment", sobre música de Béla Bartók em 1968. Em 1969, ascendia ao cargo de directora artística da Folkwang, que acumulava com a coreografia e a dança em palco.

Foto

A "sua" companhia, o Tanztheater Wuppertal, é-o desde 1973. Começou a ser convidada com regularidade a fazer digressões no estrangeiro e o Tanztheater passou a ser reconhecido como uma das maiores companhias contemporâneas do mundo.

Foto

Participou no fime de Fellini "O Navio" (1982) e depois em "Fala com Ela", de Pedro Almodóvar (2001). Em 1990, realizou "O Lamento da Imperatriz" e estava a planear fazer um filme com Wim Wenders.

Foto

No ano passado, foi distinguida com o Prémio Goethe. Bausch foi casada com o cenógrafo holandês Rolf Borzik, que morreu em 1980.

 

In Público, 30.06.2009
30.06.09

Pina Bausch




 

Ligações e contactos

 

 

 

Página anteriorTopo da página

 


 

Subscreva

 


 

Mais artigos

Imagem/Vídeo
Mais vistos

 

Secções do site


 

Procurar e encontrar


 

 

Página anteriorTopo da página