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Renúncia de Bento XVI: É «curioso» como «uma instituição em alegado declínio» merece as atenções do mundo

O fundador e diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, João Carlos Espada, destaca esta segunda-feira o «súbito contraste entre o impacto mundial» da resignação de Bento XVI e o «repetido anúncio do declínio da Igreja de Roma».

«Não deixa de ser curioso que uma instituição em alegado declínio possa ter merecido as atenções de, literalmente, todo o planeta», sublinha o investigador em artigo de opinião publicado no jornal "Público".

João Carlos Espada «alguns comentadores» que sugerem uma explicação: a Igreja, a «mais antiga instituição» do planeta, «sobreviveu a muitos outros anteriores anúncios de declínio e até mesmo extinção» mas conta hoje «com mais de mil milhões de fiéis, espalhados pelos quatro continentes, nalguns dos quais em franco crescimento».

O autor de livros de Teoria Política e História do Pensamento Político salienta que «a mensagem cristã foi sempre apresentada em conversação com outras tradições e não em negação face a elas».

FotoJoão Carlos Espada

Por seu lado José Pacheco Pereira refletiu sobre a diferença das opções tomadas pelos papas Bento XVI e João Paulo II quanto ao fim do pontificado, referindo que «ambos, fizeram, com as suas atitudes, bem à instituição à frente de que estão».

«Tenho para mim que a decrepitude e a doença intencionalmente reveladas até ao fim por João Paulo II não são diferentes na sua intenção e mensagem da abdicação por "falta de força vital" de Bento XVI, mas complementares», observa em texto publicado esta quinta-feira na revista "Sábado".

O papa polaco «quis mostrar o sofrimento que a doença e a velhice trazem até à última gota, num mundo em que há cada vez mais velhos que com ele se podiam identificar na dor», assinala.

«Num mundo em que o culto da juventude é um elemento do hedonismo contemporâneo, João Paulo II falou da tragédia íntima dos velhos pelo seu próprio exemplo», acrescenta.

FotoJosé Pacheco Pereira

Já Bento XVI «fala noutra direção, mas também com idêntica universalidade, valorizando a vitalidade e a capacidade intelectual que são necessárias para o exercício de uma função tão delicada e árdua como é o papado».

«Ele não se reformou porque chegou ao limite de idade, ele chegou a um limite de idade íntimo por julgamento próprio, e quis mostrar, também pelo exemplo, que não há drama nenhum para a Igreja em não ser Papa vitalício, se o detentor da Cadeira de Pedro não se sentir capaz de a servir como certamente desejava. É um gesto que é também um sinal para a hierarquia da Igreja», considera.

O comentador nota que cada papa «quis dizer uma coisa diferente, porque há na vida a necessidade de dizer e "testemunhar" coisas diferentes».

Bento XVI anunciou que renuncia ao pontificado em 28 de fevereiro, data a partir da qual se organiza um conclave em que os 117 cardeais que não completaram 80 anos escolhem o novo papa.

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 18.02.13

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FotoPraça de S. Pedro, Vaticano
AP Photo/Gregorio Borgia

 

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