Bento XVI: cronologia do pontificado
«Amados irmãos e irmãs, depois do grande papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á. Maria, sua Mãe Santíssima, está connosco. Obrigado!»
Estas foram as primeiras palavras proferidas por Bento XVI a 19 de abril de 2005 aos milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro, no Vaticano, pouco depois da eleição para sucessor de João Paulo II.
Desde então até hoje, 11 de fevereiro, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, data escolhida por Bento XVI para anunciar a resignação, apresentamos alguns dos acontecimentos mais significativos de um pontificado em que proclamou 44 novos santos.
2005
20 de abril: primeira mensagem, proferida em latim, em que indica o seu "programa de governo": trabalhar pela unidade da Igreja, concretizar o Concílio Vaticano II (1962-1965)
13 de maio: anuncia a abertura da causa de beatificação do seu predecessor, João Paulo II
24 de maio: é recebido no palácio presidencial de Itália pelo presidente do país, Carlo Ciampi
28 de junho: publica o "Compêndio do Catecismo da Igreja Católica"
18-21 de agosto: primeira viagem ao estrangeiro. É a primeira à Alemanha: visita Colónia, para a Jornada Mundial da Juventude, bem como a mesquita e a sinagoga
29 de agosto: encontro com os responsáveis máximos da Fraternidade S. Pio X (Lefebrianos)
15 de setembro: encontro com dois os rabinos principais de Israel
2-23 de outubro: convoca cardeais e bispos de todo o mundo para o Sínodo sobra a Eucaristia, em Roma; muda as normas de funcionamento da assembleia, introduzindo o debate livre. Homilia na missa de abertura
22 de dezembro: no discurso à Cúria Romana indica que o seu pontificado vai ser marcado pela renovação na continuidade quanto à interpretação e concretização do Concílio Vaticano II
2006
25 de janeiro: primeira encíclica: "Deus caritas est"
24 de março: nomeia 15 cardeais
22 de abril: nomeia D. António Marto bispo de Leiria-Fátima; até então tinha sido bispo auxiliar de Braga e bispo de Viseu
25-28 de maio: viagem à Polónia, com passagem pelo campo de concentração de Auschwitz
28 de maio: beatificação de Rita Amada de Jesus
10 de junho: nomeia D. Ilídio Leandro bispo de Viseu
28 de junho: nomeia o cardeal italiano Tarcisio Bertone para o cargo de Secretário de Estado da Santa Sé, substituindo o cardeal Angelo Sodano
8-9 de julho: viagem à Espanha, por ocasião do 5.º Encontro Mundial das Famílias
11 de julho: O padre italiano Federico Lombardi assume o cargo de porta-voz da Santa Sé
9-14 de setembro: viagem à Baviera (Alemanha), com passagem pelos locais onde nasceu e cresceu
12 de setembro: forte reação do mundo islâmico depois do discurso sobre fé e razão pronunciado na Universidade de Ratisbona, na Alemanha
26 de setembro: excomunga o arcebispo Emmanuel Milingo, que concedeu a ordenação episcopal a quatro padres casados
20 de novembro: presidente da República de Itália, Giorgio Napolitano, é recebido no Vaticano
23 de novembro: encontro com o primaz anglicano Rowan Williams
28 de novembro - 1 de dezembro: viagem à Turquia, particularmente esperada depois do discurso em Ratisbona. Assina uma declaração conjunta com o patriarca cristão ortodoxo Bartolomeu I
2007
22 de fevereiro: publica a Exortação Apostólica Pós-Sinodal "Sacramentum caritatis", sobre a Eucaristia
8 de março: nomeia D. António Carrilho bispo do Funchal; até então tinha sido bispo auxiliar do Porto
13 de abril: primeiro de três volumes do livro sobre "Jesus de Nazaré"
9-14 de maio: viagem ao Brasil. Estava prevista a presença pela segunda vez no país durante a Jornada Mundial da Juventude, que decorre em julho no Rio de Janeiro, o que não virá a acontecer
11 de junho: muda as regras para a eleição do papa: a partir de agora será sempre necessária a maioria de 2/3 dos cardeais eleitores
17 de junho: primeira viagem a Assis por ocasião do 8.º centenário da conversão de S. Francisco
30 de junho: carta aos católicos chineses; pede liberdade religiosa e normalização das relações bilaterais às autoridades de Pequim
6 de julho: nomeia D. António Couto bispo auxiliar de Braga; a 19 de novembro de 2011 nomeia-o bispo de Lamego
7 de julho: liberaliza o uso da antiga missa em latim com o Rito Tridentino através do documento "Summorum Pontificum" (carta aos bispos que acompanha o texto)
1-2 de setembro: acolhido por 300 mil jovens italianos em Loreto
3 de setembro: nomeia para arcebispo D. Gianfranco Ravasi e designa-o presidente do Pontifício Conselho da Cultura, em substituição do cardeal Paul Poupard
7-9 de setembro: viagem à Áustria
29 de setembro: substitui o diretor do jornal da Santa Sé, "L'Osservatore Romano", que passa a ser Giovanni Maria Vian
21 de outubro: lança apelo contra a Camorra em Nápoles, cidade onde a organização mafiosa está sediada
3-12 de novembro: visita "ad limina" dos bispos portugueses (discurso de Bento XVI)
24 de novembro: nomeia 23 cardeais; reúne o Colégio Cardinalício para debater o ecumenismo
30 de novembro: segunda encíclica: "Spe salvi", sobre a esperança cristã
2008
8 de janeiro: nomeia D. José Alves arcebispo de Évora, depois de ter sido bispo auxiliar de Lisboa e bispo de Portalegre-Castelo Branco; nomeia D. Amândio Tomás bispo coadjutor de Vila Real, diocese de que toma posse a 17 de maio de 2011
15 de janeiro: renuncia a visitar a universidade "La Sapienza", em Roma, após protesto de estudantes e professores. O seu discurso deveria ser pronunciado dois dias depois
20 de janeiro: cerca de 100 mil pessoas reúnem-se na Praça de S. Pedro para manifestarem apoio a Bento XVI depois da polémica na universidade romana
31 de janeiro: nomeia D. Joaquim Mendes bispo auxiliar de Lisboa
5 de fevereiro: publicada a nova versão da oração pronunciada na celebração litúrgica de Sexta-feira Santa com menção à "conversão" dos judeus, incluída no antigo Missal Romano em latim. A comunidade judaica reage duramente
15-21 de abril: viagem aos EUA; intervém na Assembleia Geral das Nações Unidas, reza no "Ground Zero" de Nova Iorque e encontra-se com vítimas de padres pedófilos
7 de maio: nomeia D. João Lavrador bispo auxiliar do Porto
28 de junho: abre o ano dedicado a S. Paulo (Ano Paulino), juntamente com o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I
12-21 de julho: viagem a Sidney, na Austrália, para a Jornada Mundial da Juventude; encontra-se com vítimas de padres pedófilos
8 de setembro: nomeia D. Antonino Dias bispo de Portalegre-Castelo Branco; até então era bispo auxiliar de Braga
12-15 de setembro: viagem a França; encontra-se em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e participa nas comemorações do 150.º aniversário das aparições marianas em Lourdes
5 de outubro: lê primeiro capítulo do livro do Génesis na televisão italiana
5 a 16 de outubro: cardeais e bispos de todo o mundo são convocados ao Vaticano para o Sínodo sobre a Bíblia. Bento XVI denuncia as perseguições aos cristãos (homilia na missa de abertura)
8 de novembro: nomeia o arcebispo italiano D. Rino Passigato núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) em Portugal
28 de dezembro: apela ao fim dos bombardeamentos de Israel na Faixa de Gaza
2009
24 de janeiro: levanta a excomunhão aos quatro bispos lefebrianos; um deles, Richard Williamson, nega o Holocausto, o que provoca duras reações da comunidade judaica
12 de março: escreve aos bispos de todo o mundo para reconhecer alguns erros na decisão tomada quanto aos lefebrianos; exprime tristeza pela intolerância manifestada
17 a 23 de março: viagem aos Camarões e Angola. No avião, durante a viagem de ida, afirma que o uso do preservativo não só não resolve como se arrisca a aumentar o problema da Sida; protestos oficiais de vários países, como França, Alemanha, Bélgica e União Europeia
28 de março: visita aos desalojados em Abruzzo, depois do sismo
26 de abril: canonização de S. Nuno de Santa Maria
8-15 de maio: viagem à Terra Santa: Jordânia, Israel e território palestinianos. Visita a mesquita de Amã, presta homenagem no Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, deixa uma oração no Muro das Lamentações
19 de junho: abre o Ano Sacerdotal
27 de junho: nomeia D. Manuel Linda bispo auxiliar de Braga
7 de julho: publica a terceira encíclica, "Caritas in veritate"
17 de julho: fratura o punho direito depois de uma queda
26-28 de setembro: viagem à República Checa
3-24 de outubro: Sínodo dos Bispos para discutir os problemas da Igreja em África (homilia na missa de abertura)
9 de novembro: publica a Constituição Apostólica “Anglicanorum coetibus”, que abre aos fiéis anglicanos - inclusive padres casados e bispos - a possibilidade de fazerem parte da Igreja Católica
21 de novembro: encontro com o primaz anglicano Rowan Williams
21 de novembro: fala a 260 artistas reunidos na Capela Sistina
3 de dezembro: encontro com o presidente russo Dmitrij Medvedev; anuncia relações diplomáticas plenas com a Federação Russa
17 de dezembro: remete ao estado laical o ex arcebispo Emmanuel Milingo
19 de dezembro: autoriza a proclamação das "virtudes heróicas" de Pio XII e João Paulo II, abrindo o caminho à sua beatificação; a comunidade judaica protesta por causa do papa Pacelli
24 de dezembro: cai na noite de Natal
27 de dezembro: almoça com os pobres da Comunidade de Santo Egídio, em Roma
2010
17 de janeiro: visita à sinagoga de Roma, 24 anos depois de João Paulo II
15-16 de fevereiro: encontro com os bispos irlandeses para discussão dos abusos sexuais
14 de março: visita à paróquia luterana de Roma
19 de março: escreve uma carta aos católicos irlandeses sobre a questão dos abusos sexuais
17-18 de abril: viagem a Malta
2 de maio: visita a Turim para a exposição pública do Santo Sudário
11-14 de maio: viagem a Portugal, com paragens em Lisboa, Fátima e Porto; encontro com o mundo da cultura no Centro Cultural de Belém
4-6 de junho: viagem a Chipre; entrega o Instrumento de Trabalho para o Sínodo dos Bispos sobre o Médio Oriente
11 de junho: nomeia D. Anacleto Oliveira bispo de Viana do Castelo; até então tinha sido bispo auxiliar de Lisboa
5 de setembro: visita a Carpineto Romano, por ocasião do 200.º aniversário do nascimento de Leão XIII
16-19 de setembro: viagem ao Reino Unido
30 de setembro: publica a Exortação Apostólica Pós-Sinodal "Verbum Domini", sobre a Palavra de Deus na Igreja
10-24 de outubro: preside ao Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente (homilia na missa de abertura)
12 de outubro: institui o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, presidido pelo arcebispo italiano Rino Fisichella
20 de outubro: anuncia consistório para a criação de 24 cardeais
6-7 de novembro: viagem a Espanha; visita Santiago de Compostela e em Barcelona consagra a basílica da Sagrada Família, de Gaudí
20 de novembro: cria cardeal D. Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura
23 de novembro: publicação do livro "Luz do mundo. O Papa, a Igreja e os sinais do tempo", resultante de entrevista a Peter Seewald
30 de dezembro: institui a Autoridade de Informação Financeira para promover a transparência bancária e a luta contra a lavagem de dinheiro
2011
10 de março: publicação do segundo volume sobre Jesus de Nazaré (Da entrada em Jerusalém até à ressurreição)
16 de março: escreve mensagem ao presidente da República a propósito dos 150 anos da unificação da Itália
28 de abril: nomeia D. Virgílio Nascimento bispo de Coimbra
1 de maio: beatifica João Paulo II
13 de maio: autoriza a publicação da instrução "Universale Ecclesiae" para a aplicação das normas sobre a celebração da missa com o rito antigo
16 de maio: publicação de carta sobre abusos sexuais do clero, em que se pede a todas as conferências episcopais que estabeleçam orientações combater o fenómeno
21 de maio: liga-se à Estação Espacial Internacional. Beatificação de Maria Clara do Menino Jesus
4-5 de junho: viagem à Croácia para participar em encontro nacional de famílias
29 de junho: 60.º aniversário da ordenação sacerdotal
18 de julho: D. José Cordeiro nomeado bispo de Bragança-Miranda
18-21 de agosto: viagem a Madrid para a Jornada Mundial da Juventude
22-25 de setembro: 3.ª viagem à Alemanha; intervenção no parlamento germânico
10 de outubro: nomeia D. Nuno Brás bispo auxiliar de Lisboa
17 de outubro: anuncia a realização do Ano da Fé
27 de outubro: visita a Assis, onde participa na jornada de reflexão, diálogo e oração pela paz, 25 anos depois da jornada inter-religiosa promovida por João Paulo II
19 de novembro: Exortação Apostólica Pós-Sinodal "Africae munus", sobre a Igreja na África
2012
18 de fevereiro: cria 22 cardeais em consistório, entre os quais o português Manuel Monteiro de Castro
23-29 de março: viagem ao México e Cuba
25 de maio: o escândalo "Vatileaks", espoletado depois da publicação de um livro com documentos reservados do Vaticano, culmina com a prisão do mordomo do papa, Paolo Gabriele
1-3 de junho: visita a Milão para o 7.º Encontro Mundial das Famílias
8 de junho: nomeia D. António Moiteiro Ramos bispo auxiliar de Braga
26 de junho: visita à região da Emília Romana, em Itália, depois do sismo
9 de julho: visita à casa dos Verbitas em Nemi, Itália, onde ficou alojado durante parte do Concílio Vaticano II devido à sua condição de perito
14-16 de setembro: viagem ao Líbano, a última do pontificado fora de Itália; Exortação Apostólica Pós-Sinodal "Ecclesia in Medio Oriente", sobre a Igreja no Médio Oriente
7-28 de outubro: preside ao Sínodo para a Nova Evangelização (homilia na missa de abertura)
7 de outubro: proclama Doutores da Igreja S. João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen
11 de outubro: Início do Ano da Fé, no 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e no 20.º da promulgação do Catecismo da Igreja Católica
10 de novembro: institui a Pontifícia Academia de Latinidade
11 de novembro: Documento sobre o serviço da caridade
21 de novembro: livro "A Infância de Jesus", com que conclui a trilogia sobre Jesus de Nazaré
24 de novembro: cria 6 cardeais em consistório
12 de dezembro: inauguração da conta de Bento XVI na rede social Twitter
22 de dezembro: concede a liberdade ao ex-mordomo, Paolo Gabriele, que tinha sido condenado a 18 meses de prisão por furto de documentos dos aposentos do papa
Biografia
O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.
Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido «mozarteano», que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.
O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.
Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.
Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.
Um ano depois, começou a sua actividade de professor na Escola Superior de Freising.
No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho». Passados quatro anos, sob a direcção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre «A teologia da história em São Boaventura».
Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.
De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como «perito»; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colónia.
A sua intensa actividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.
Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: «Colaborador da verdade»; assim o explicou ele mesmo: «Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade».
Paulo VI criou-o Cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de Junho desse mesmo ano.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro. No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema «Missão da família cristã no mundo contemporâneo», e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre «A reconciliação e a penitência na missão da Igreja».
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. No dia 15 de Fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de Abril de 1993.
Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de Novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de Novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de Janeiro.
Desde 13 de Novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, «Ecclesia Dei», para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.
Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.
Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema «Por que continuo ainda na Igreja?»; com a sua habitual clareza, afirmou então: «Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja».
No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.
Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa»: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polónia) no ano 2000.
Vatican Insider / SNPC
Biografia: Vaticano
© SNPC |
13.02.13

Bento XVI quando anunciou
aos cardeais a decisão de renunciar
Vaticano, 11.2.2013
L'Osservatore Romano


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