Teatro
Textos do Padre António Vieira inspiram monólogo sobre corrupção e injustiça social
“Eu só preciso de um minuto pra mudar sua vida”, diz a única personagem do monólogo «The Cachorro Manco Show». O cachorro manco é uma mistura entre um cão abandonado, um comediante de stand up e um pregador de igreja que se veste como um sem abrigo e se apoia em muletas para caminhar. É interpretado por Leandro Daniel Colombo.
«The Cachorro Manco Show», escrito por Fábio Mendes e com encenação de Moacir Chaves, vai estar em cena no Teatro Dona Maria II até 19 de abril.
O cachorro manco já teve vários donos e vários nomes: foi Argos, cão de Ulisses, e Esmola, quando pertencia a um mendigo. A história do cachorro é uma reflexão sobre a sociedade e a personagem representa "todos os excluidos ao longo da história, os escravos, os índios, os mancos e os velhos", explica o dramaturgo Fábio Mendes. É o tema da pobreza na primeira pessoa para lembrar que "todos podemos ser mendigos", diz o encenador Moacir Chaves. Mas este mendigo que pede esmola simboliza também outro tipo de excluídos: os artistas. Ao longo da história o que nós fazemos é isso, pedir para poder fazer. (...) Hoje temos todo esse glamour, mas é tudo aparência. Já não batemos mais nos mecenas da nobreza mas temos de bater nos patrocinadores", diz o encenador.
«The Cachorro Manco Show» venceu o Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva 2008, a segunda edição do concurso criado pelo Instituto de Camões e pela Fundação Nacional de Artes, do Brasil.
Ao escrever a peça, Fábio Mendes respondeu ao desafio lançado pelo concurso para os dramaturgos se inspirarem na obra de Padre António Vieira, uma forma de celebrar o 400.° aniversário do nascimento do criador de «Sermão de Santo António aos Peixes». Assim, Fábio Mendes misturou os textos do Padre Vieira no discurso do cachorro. Ambos os textos refletem sobre as injustiças da sociedade e sobre o conceito de performance e de oratória, diz o dramaturgo. Ao construir a personagem Fábio Mendes entrevistou vários sem-abrigo e inseriu elementos dessa experiência no discurso. E também se questionou sobre o papel da oratória e da retórica na atualidade. "Quem são os oradores contemporâneos que têm público e que interessam? As pessoas que interessam são os pastores. Os líderes de comunidade, os políticos (que não interessam a muita gente já) e os comediantes. " O que motivou o dramaturgo a inserir elementos de stand-up comedy no discurso da personagem "para fugir da ideia de um padre Vieira chato" e evitar uma abordagem demasiado literária dos textos. E mostrar que apesar de terem 400 anos, os textos continuam atuais ao tratar de temas como a corrupção e a injustiça social.
Henrique Mourão
In Público (Ípsilon), 10.04.2009
12.04.09
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