«Manifestamos a nossa apreensão e profunda preocupação pela violação dos direitos humanos, nomeadamente no tratamento dado ao sacerdote da Companhia de Jesus P. Stan Swamy e a outros ativistas, no estado Jharkhand da União Indiana.»
É nestes termos que o principal responsável pelos Jesuítas em Portugal, P. Miguel Almeida, se dirige ao embaixador da Índia em Portugal, Manish Chauhan, na carta aberta intitulada “Celebrar a Constituição, defender os direitos humanos”, publicada na edição de hoje do “Diário de Notícias”.
A missiva é subscrita por mais de quatro dezenas de personalidades, entre as quais o antigo presidente da República, Ramalho Eanes, e o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o bispo D. José Ornelas, bem como por artistas, deputados, políticos, escritores, docentes universitários, investigadores e jornalistas.
O sacerdote de 83 anos, que «trabalha há 50 anos em favor dos mais pobres e marginalizados da Índia», foi detido a 8 de outubro de 2020 «sob falsas acusações de ligações maoistas», assinala o provincial da Companhia de Jesus.
Sofrendo de Parkinson e com «saúde frágil», o P. Swamy «acredita que o Estado indiano o está a perseguir devido à sua oposição a algumas políticas governamentais e à sua luta pelos direitos dos adivasis», apesar de a sua ação estar «em consonância com os valores da Constituição indiana».
Antes de mencionar os «diversos relatórios internacionais» que «têm revelado sinais preocupantes no que respeita à ameaça aos direitos humanos e à liberdade religiosa na Índia», o P. Miguel Almeida recorda ao embaixador recentemente chegado a Portugal que «tem sido difícil» assegurar ao religioso «as condições mínimas de dignidade».
Por exemplo, prossegue o texto, o P. Swamy foi «forçado a dormir no chão durante vários dias e, só depois de vários protestos, foi possível dar-lhe um copo com palhinha, de que necessita para beber água autonomamente».
O apelo, que se junta a pedidos endereçados pelas Nações Unidas e Parlamento Europeu, é publicado na data em que se assinala o 72.º dia da República Indiana, evocativo da entrada em vigor da Constituição do país, e antecede a cimeira União Europeia-Índia, a realizar em maio, em Portugal.