© Auditório Vita / João Fernandes [Missão Press]:
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, visitou a Capela Imaculada no dia 25 de novembro, no âmbito de uma jornada dedicada à cidade de Braga. Numa tarde particularmente preenchida, desde logo com a visita ao Centro Clínico Académico (2CA-Braga), nas instalações do Hospital de Braga, que, atualmente, acolhe mais de um terço dos ensaios clínicos em Portugal, teve tempo para entrar e contemplar a Capela Imaculada, nas instalações do Seminário de Nossa Senhora da Conceição.
O Presidente teve tempo e desejo. Na verdade, terá sido a assessoria para os assuntos culturais da Presidência da República a manifestar interesse em que o périplo pudesse incluir uma visita à capela, um interesse que foi de imediato acolhido como sinal de honra e distinção. Convidado para participar no I Fórum Missionário da Arquidiocese de Braga, promovido pelo Centro Missionário Arquidiocesano de Braga, no Auditório Vita, o Sr. Presidente tomou parte na reflexão de abertura, intitulada «O que nos une a todos?», juntamente com D. Jorge Ortiga, arcebispo primaz, e mediante a moderação da Prof.ª Felisbela Lopes.
Ali mesmo ao lado, estava a Capela Imaculada. Manifestado o interesse, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa assumiu como imperdível a visita. De forma rápida, atravessou o pátio coberto, Ágora, e entrou pela porta lateral da capela. Ao entrar, reconheceu de imediato a Senhora da Humildade, com um expressivo «Olha, a Senhora!», manifestando conhecimento prévio da sua existência e significado. Na verdade, de forma continuada, à semelhança de um refrão, foi acrescentando expressões que traduziam o seu particular apreço pela escultura, que considerou lindíssima.
Elevou depois o olhar e ficou extraordinariamente surpreendido, arrebatado – poderá dizer-se mesmo –, quer pela beleza da abóbada em cimento (com mais de 130 toneladas suspensas), quer pela arquitetura da Capela Cheia de Graça, em madeira. Pensando que a obra tinha como autores arquitetos finlandeses, logo o Pe. Joaquim Félix, que acompanhava a visita como guia, reordenou a informação, dizendo que de facto há um texto sobre a capela, escrito por de Asbjørn Andresen, «Os nossos ouvidos foram cegos, a serenidade do espaço que não vemos», cuja reflexão parte de uma metáfora de Juhani Pallasmaa, finlandês, considerado como um dos mais importantes críticos da arquitetura contemporânea, talvez mesmo o mais importante. Contudo, à semelhança da Capela Árvore da Vida, a nova obra é da autoria dos arquitetos Cerejeira Fontes, que contaram com a colaboração de uma equipa de trabalho multidisciplinar, da qual fazem parte Asbjørn Andresen, Lisa Sigfridsson, Pe. Joaquim Félix, entre outros.
Em seguida, o Prof. Marcelo sentiu-se atraído pelo altar, donde se ouvia o rumor de águas vivas. E, enquanto para lá se deslocava, endereçou algumas palavras de estímulo ao Sr. Arcebispo, a quem muito elogiou pelo arrojo do espaço, nos seguintes termos: «Sr. Arcebispo, os estilos são para a frente!». Este otimismo que carateriza a fé dos cristãos, cuja missão é colocar eternidade no caminho das pessoas, levou-o a perguntar em seguida pelo sacrário, apresentado numa das reentrâncias laterais: obra em filigrana de madeira de tília, com uma árvore da vida em luz, na base, e duas águias esvoaçantes nas portadas, em cujo fecho foi esculpida uma cruz entre estrelas, motivo comum na arquitetura islâmica. Contemplado e tocado o altar, uma pedra em granito negro flutuando sobre água, voltou-se para a instalação Corpo de Luz, em mármore de Estremoz, para admirar a suspensão e a liberdade dessa obra de arte sem molduras, que ultrapassa a simbólica, Cristo ressuscitado que, concentrando a luz no seu corpo, enche de luminosidade todo o espaço.
Dessa instalação, passando ao lado do penta-ícone da Senhora da Ternura, da autoria da pintora sueca, Lisa Sigfridsson, a comitiva desceu até junto da escultura de Nossa Senhora da Humildade, ao encontro do seu olhar e da sua companhia. Sentados junto dela, o Pe. Joaquim Félix evocou outras visitas especiais, como a do organista (agora, honorário) de Notre-Dame de Paris Jean-Pierre Leguay e sua esposa. Com eles esteve François Nicolas, compositor francês e professor associado da École Normale Supérieure de Musique de Paris, numa visita promovida pelo Pe. Hermenegildo Faria, que associou Asbjørn Andresen para as respetivas apresentações.
No final dessa visita, todos estavam maravilhados (note-se que, de manhã, haviam visitado a Capela Árvore da Vida), mas elegeram a escultura de Nossa Senhora da Humildade como a criação artística que mais os surpreendera, tanto pela dignidade ética incorporada (digna de ser acreditada), como pelo alcance paradigmático, que irradiava do posicionamento teológico e relacional no espaço. Emocionado, François Nicolas terá perguntado a Asbjørn Andresen, autor da escultura, num misto de admiração e questionamento: «Como é possível isto estar a acontecer em Braga? Que está na raiz destes novos paradigmas para a Igreja?» A estas e outras perguntas Asbjørn Andresen, demorando-se, irrompeu do silêncio com uma outra questão: «Porque nasceu Jesus em Belém?».
Contar esta história é também dar conta de que a resposta fica para o íntimo de cada um. Assim, com um sorriso que congregou todos os membros da comitiva, terminou a visita à capela.
Capela Imaculada e altar: A Dedicação
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