«O desporto precisa de outra visão cultural», caso contrário «o lado mau» da formação» vai «tomar conta do lado bom», declarou hoje o treinador de râguebi Tomaz Morais, na conferência de abertura da 14.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura.
O comentador mostrou-se convicto de que «o desporto não é o estado mercantil a que chegou», mas «a essência máxima da expressão dos valores humanos», pelo que quando se quer torná-lo num «conjunto de valores essenciais», é preciso torná-lo «realmente importante, não pode ser só mais uma coisa».
Depois de frisar que o desporto oferece «o bem mais escasso» que se pode ter, «a tolerância», Tomaz Morais declarou que a «crise do desporto português tem a ver com quem lidera», sobretudo quando estimula «comportamentos desviantes».
Enquanto «conjugação de valores éticos», o desporto «não permite a arrogância, não permite que haja comportamentos desviantes, porque quem os tem não tem lugar no desporto», assinalou, sublinhando que «quem não é humilde no desporto, não consegue desfrutar dele».
«Se o desporto é uma escola de virtudes, de desenvolvimento integral das pessoas, se é um meio para e não um fim em si mesmo, temos de o tornar realmente importante na escola, com a educação física, em casa, dando espaço aos jovens para falarem ao desporto», acrescentou.
O caráter formativo do desporto expressa-se especialmente no saber vencer e na aceitação da derrota: «Ninguém gosta de perder por mais de 100 pontos, como eu já perdi. Mas isto é que nos dá a força para poder ganhar».
Tomaz Morais considera que «o desporto é pouco percebido em Portugal», e essa incompreensão começa na família, quando por exemplo se castigam os jovens com a proibição de treinar e jogar por causa de más notas na escola.