Harry Potter
A par do enquadramento do fantástico, ao protagonista acontece tudo: privações, lutas, sofrimentos, mas também a descoberta da amizade, da ternura, da solidariedade, e a necessidade de partilha. Nos dias da quarentena é bom redescobri-lo no pequeno ecrã, e depois, quem sabe, reencontrá-lo nos livros. E a seguir passar, porque não, a “Oliver Twist”, a “A vida extraordinária de Copperfield” ou “A pequena Dorrit”. As referências estão todas lá, basta colhê-las…
Românticos anónimos
Escrito e dirigido por Jean-Pierre Améris, este filme de 2010 é uma comédia gentil com pinceladas de sentimento, centrado na história de Angelique, uma pasteleira tímida crónica. Como se pode ultrapassar o medo? Como abater o muro que nos separa no contacto com o próximo? É este o desafio da protagonista e do filme. A narração, com acentuações poéticas, mantém-se sempre na linha do humor delicado, evitando tons dramáticos. Para além de algumas escorregadelas no argumento, o filme oferece conseguidos momentos de despreocupação.
The walk – O desafio
Robert Zemeckis, como cineasta, é uma garantia, tendo assinado “Regresso ao futuro”, “Quem tramou Roger Rabbit”, “Forrest Gump” (Óscar para melhor realizador) e “Um conto de Natal”. Em 2015 realizou “The walk”, que conta o célebre feito do funâmbulo francês Philippe Petir, que caminhou sobre uma corda estendida entre as torres gémeas de Nova Iorque em 1974. Zemeckis oferece-nos este feito histórico e ao mesmo tempo louco, graças a um olhar cinematográfico sugestivo e envolvente. Um cinema visionário, que une as tensões vibrantes do desafio às cores do sonho.
O nascimento de Cristo
Não há só o fantástico “Twilight” e o drama existencial “Thirteen” no currículo da realizadora norte-americana Catherine Hardwicke. Em 2006, dirigiu “O nascimento de Cristo”; reflexão sobre a viagem de Maria e José em torno a Belém. O registo que a cineasta deu à história acentua a poesia e a simplicidade, que não significa, todavia, banalidade. A capacidade de não propor fáceis reviravoltas, mas antes renovar a tradição mediante a modernidade, está entre os principais méritos do filme. Uma mensagem de salvação para ontem e para hoje, nestes dias cinzentos.
Invictus
O velho Clint nunca desilude. A sua maneira de narrar entrou na história do cinema, pelo seu olhar enxuto e poético sobre a América de ontem e de hoje, entre periferias e heróis do quotidiano. Eastwood soube também contar histórias de vibrantes de acontecimentos internacionais, como “Invictus” (2010). Estamos na África do Sul, junto a Nelson Mandela (Morgan Freeman) e à sua luta para bater preconceitos e separações na sociedade, num desafio que se joga dentro e fora do campo de rugby. Baseado em factos reais, e no romance “Ama o teu inimigo”, de John Carlin, o filme move-se entre a narrativa realista, balada popular e fábula educativa. O tema do perdão é central: serve para reconciliar um povo e fazê-lo readquirir uma identidade comum perdida. Suscitador de debate, “Invictus” é um convite a reler páginas da história contemporânea repletas de feridas, mas também de sinais de esperança.