Arquitectura
Made in Germany: Arquitectura + Religião: À procura de novas perspectivas
A Ordem dos Arquitectos, em parceria com o Goethe-Institut, apresentou em Fevereiro passado, na Sala do Veado dos Museus da Politécnica, em Lisboa, a exposição Made in Germany: Arquitectura + Religião, associada a alguns eventos paralelos, propostos pelos arquitectos João Alves da Cunha e João Norton de Matos na qualidade de comissários desta iniciativa.
A exposição, propriedade do Goethe-Institut Munich, teve como objectivo proporcionar uma visão sobre a nova arquitectura religiosa, através da apresentação de nove edifícios recentes de várias confissões na Alemanha, apreciados pelas respectivas comunidades como locais de paz e meditação, mas que assumem também uma relevância cultural inquestionável, enquanto espaços que testemunham as idiossincrasias do nosso tempo, marcado pelo balançar entre ruptura e repetição.
Igreja de Santa Maria Madalena, Freiburg im Breisgau, Alemanha
De igual modo, estes edifícios classificam-se como casos de estudo de elevado valor e interesse por representarem as opções de uma nova geração de arquitectos no difícil caminho da integração do carácter estético e artístico da arquitectura religiosa com a sua função devocional.
Dentre os edifícios apresentados, destacam-se a premiada Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Munique (Allmann, Sattler e Wappner), a Igreja de São Teodoro, Colónia (Paul Böhm), a Capela da Reconciliação, Berlim (Reitermann e Sassenroth), a Ecuménica Igreja de Maria Madalena, Freiburg im Breisgau (Kister Scheithauer Gross) e a nova Sinagoga de Dresden (Wandel, Hoefer, Lorch + Hirsch).
Capela da Reconciliação, Berlim, Alemanha
Em complemento à exposição, realizou-se um colóquio, no dia 20 de Fevereiro, com a participação de cinco convidados alemães - o teólogo Walter Zhaner e os arquitectos Paul Böhm, Amandus Sattler, e Ulrich e Ilse Königs - que apresentaram o panorama e contexto histórico da arquitectura religiosa alemã do último século, ilustrados com maior detalhe por três obras recentes de particular interesse para a realidade portuguesa.
Após as respectivas conferências, divididas pela parte da manhã e tarde, realizaram-se duas mesas redondas, onde se juntaram quatro convidados portugueses - o padre Tolentino Mendonça e os arquitectos Diogo Lino Pimentel, José Fernando Gonçalves e José Manuel Fernandes - para debater temas como “A liturgia como programa de Igrejas” e “Arte na Igreja e Igreja na Cidade”.
Igreja de S. Teodoro, Colónia, Alemanha
O colóquio, que se realizou no auditório do Goethe-Institut em Lisboa procurou, a partir da experiência germânica, confrontada e traduzida para a realidade nacional, promover uma séria reflexão e debate de perspectivas sobre esta temática.
Aproveitando a presença em Portugal dos cinco convidados alemães, efectuou-se, nos quatro dias anteriores ao colóquio, um itinerário conjunto com arquitectos portugueses, proporcionando a visita a várias obras relevantes do território nacional no contexto da arquitectura religiosa, permitindo o aprofundamento cultural, a troca de conhecimentos, reflexões e pontos de vista, com início na cidade do Porto e chegada a Lisboa, passando pelas cidades de Fátima, Portalegre e Évora.
Igreja de Santa Maria, Marco de Canaveses
Esta viagem de estudo e aprendizagem ficou marcada pela partilha, debate e vivência de participantes de Portugal e Alemanha, bem como foi significativamente enriquecida pela presença e orientação guiada de alguns dos autores das obras visitadas, como os arquitectos João Luís Carrilho da Graça e José Fernando Gonçalves.
Fizeram parte do percurso obras como a Igreja de Santa Maria, em Marco de Canavezes (Álvaro Siza Vieira), o Museu de Serralves, no Porto (Álvaro Siza Vieira), a Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima (Alexandros Tombazis), a Igreja de Santo António, em Portalegre (João Carrilho da Graça), o Museu de Arte Sacra, em Évora (João Carrilho da Graça) e a Igreja do Convento dos Dominicanos, em Lisboa (Paulo Providência e José Fernando Gonçalves).
Igreja da Santíssima Trindade, Fátima
Com este encontro de culturas, pensamentos e ideias, dedicado a um programa arquitectónico tão pouco debatido em tempos mais recentes, procurou-se catalisar novas abordagens, novas perspectivas e novos passos para a arquitectura religiosa portuguesa do presente século, pela promoção da qualidade artística e arquitectónica dos edifícios religiosos, referências incontornáveis na construção da identidade e fisionomia das nossas cidades.
João Alves da Cunha
Arquitecto
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11.04.10
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