Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: “Irão respeitar o meu filho”. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: “Este é o herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a sua herança”. Agarraram-no, levaram- no para fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-lhe: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: “A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos”? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que falava deles e queriam prendê-lo; mas tiveram medo do povo, que o considerava profeta.
Mateus 21, 33-43.45-46
Outras leituras do dia: Génesis 37, 3-4. 12-13a. 17b-28; Salmo 104 (105), 16-17. 18-19. 20-21
A urgência de responder com bons frutos à chamada do Senhor, que nos convida a tornar-nos sua vinha, ajuda-nos a compreender o que há de novo e de original na fé cristã. Ela não é tanto a soma de preceitos e normas morais mas, antes de tudo, uma proposta de amor que Deus, através de Jesus fez e continua a fazer à humanidade. É um convite a entrar nesta história de amor, tornando-nos uma vinha vivaz e aberta, rica de frutos e de esperança para todos. Uma vinha fechada pode tornar-se selvática e produzir uva selvática. Somos chamados a sair da vinha para nos pormos ao serviço dos irmãos que não estão connosco, para nos despertarmos reciprocamente e nos encorajarmos, para nos recordarmos que devemos ser vinha do Senhor em todos os ambientes, mesmo naqueles mais longínquos e difíceis.
Papa Francisco
Um santo europeu que conseguiu com o seu testemunho conduzir à fé mais autêntica todo um povo, os visigodos. S. Leandro, nascido em Espanha no ano de 540, teve como irmãos Florentina, Fulgenzio e Isidoro, todos religiosos e santos. Monge, foi nomeado bispo de Sevilha. A sua pregação levou à conversão o filho do rei numa nação governada há décadas pelos visigodos, povo fiel à heresia ariana. Leandro teve de retirar-se, em exílio, para Constantinopla, onde conheceu o futuro papa Gregório Magno. Em 586 pôde voltar a Sevilha, obtendo o regresso à ortodoxia do novo soberano, e, como ele, de todos os visigodos. Morreu em 600, sucedendo-lhe o irmão Isidoro.
Matteo Liut, Avvenire
REUTERS/Yannis Behrakis
Os sonetos de Deus – 7
Eu pelo arco-íris a Deus chego
e ao corpóreo o canto não limito,
porque a Deus, no meu canto, me entrego,
e encontro em Deus o amor do infinito.
Pelo mar da luz, à luz, navego;
e no mar da luz, por luz, habito,
com o gozo de sentir o fogo supremo
que na palavra se transforma em grito.
Do arco-íris, que é secreta via,
procede a seráfica harmonia.
A cor e a luz fazem o meu canto.
Meça-me o mundo em minha cabal altura;
e veja que, no meu canto à formosura,
só o amor do infinito canto.
Evaristo Ribera Chevremont
Igreja de Santa Mónica | Dallas, EUA | Fischer Heck Architects
Hugo Wolf (13.3.1860 – 22.2.1903), austríaco de origem eslovena, ficou sobretudo conhecido pela sua obra vocal. Foi um dos mais prodigiosos compositores de lieder da história, e foi, também, um ser frequentemente tolhido pela depressão. Estudou no Conservatório de Viena, de onde foi expulso, e depois aí regressou para ensinar música. A sua produção no domínio do lied mereceu a atenção dos grandes intérpretes vocais, que nele descortinaram um extraordinário veículo para a demonstração de todas as suas capacidades poéticas, musicais e canoras. Ferdinand Jäger foi um dos primeiros grandes intérpretes a apaixonarem-se por esta prodigiosa obra, mas os lieder de Wolf continuam nos nossos dias a atrair as atenções de Olaf Bäer ou de Anne Sophie von Otter, depois de terem captado o interesse de Lotte Lehmann, Dietrich Fischer-Dieskau ou Elisabeth Schwarzkopf.
“Jesus rejeitado em Nazaré”
Estreito é todo olhar humano. Só o Espírito nos oferece a grande angular da história e a chave da nossa existência. Nunca encontraremos em definitivo o lugar sem a luz da fé, o lugar exato onde mora o Espírito Santo. Não se trata de um objeto teológico ou de uma alínea pastoral. É a alma de tudo, a ultrapassagem de todas as rubricas, cânones, organizações, movimentos, elaborações tecnocráticas, discursos de alto rigor científico ou académico. É o suplemento, o pressuposto, o criador, o princípio e o fim do pensar, do querer e do agir de cada homem, crente ou ateu, cristão, judeu ou muçulmano. É ecuménico, universal, tolerante, vigoroso, clarificante, pacificador. A alma de tudo. Mesmo daquilo que parece não ter alma. O dia de todas as Noites.
Cón. António Rego