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Umbrais : 11.3.2020

  relâmpago 

Naquele tempo, enquanto Jesus subia para Jerusalém, chamou à parte os Doze e durante o caminho disse-lhes: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do homem vai ser entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, para ser por eles escarnecido, açoitado e crucificado. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitará». Então a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Jesus perguntou-lhe: «Que queres?» Ela disse-lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda». Jesus respondeu: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?» Eles disseram: «Podemos». Então Jesus declarou-lhes: «Haveis de beber do meu cálice. Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não pertence a mim concedê-lo; é para aqueles a quem meu Pai o designou». Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo. Será como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção dos homens».

Mateus 20, 17-28

Outras leituras do dia: Jeremias 18, 18-20; Salmo 30 (31), 5-6. 14. 15-16



  gravetos 

À vista de tantos que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são chamados a fazer o contrário. Quem serve os outros e não goza efetivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade. Há incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado.

Papa Francisco



  silêncio 





“Louva o Senhor, ó minh’alma”, Op.37 No.2 (Liturgia de S. João Crisóstomo) | Mihail Ippolitov-Ivanov (1859-1935)


  crisântemo 

Podemos ser proprietários e rei das nossas coisas, mas nunca seremos verdadeiramente respeitáveis se não nos colocarmos à escuta do Evangelho. Só assim um soberano que viveu sempre na violência, S. Constantino, rei da Cornualha no século VI, pôde tornar-se testemunha da esperança. Nasceu em torno de 520, e fez-se conhecer por ser sacrílego, assassino e traidor, chegando até ao repúdio da mulher para obter maior liberdade. Mas o encontro com Criso transformou-o: retirou-se para um mosteiro irlandês durante sete anos, dedicou-se ao estudo das Escrituras e à penitência, tornando-se sacerdote. Partiu para a Escócia, como missionário, e aí foi martirizado, em 576.

Matteo Liut, Avvenire



  invisível 

Imagem © Karol Palka

  brisa 

Idílio

Quando nós vamos embora, de mãos dadas,
Colher nos cales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas:

Ou, vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe, no horizonte amontoadas:

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces…

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.

Antero de Quental



  tenda 

  barro 

Manuel da Fonseca (15.11.1911 – 11.3.1993) editou, em 1940, “Rosa dos ventos”, obra pioneira do neorrealismo poético português, que, numa primeira fase em Portugal foi marcado por superio¬res cuidados e recursos artísticos, ilustrados em 1942 por “Aldeia Nova”. Acusado de cedência ao psicologismo pelo romance “Cerromaior”, 1943, Manuel da Fonseca dará superior resposta com os contos de “O Fogo e as Cin¬zas”, 1951, o romance “Seara do Vento”, 1958, e ainda o retorno ao conto com “Um Anjo no Trapézio”, 1968, e “Tempo de Solidão”, 1973.



  sentidos 

Imagem “Maria Madalena em penitência” | El Greco | 1576-78

  ponte 

Então, levantando a cabeça e rompendo o silêncio, Jesus diz: «O impecável de entre vós seja o primeiro a atirar sobre ela uma pedra». É «uma voz que dis-trai, no sentido em que, com força, faz sair os seus interlocutores do círculo vicioso» de um esquema exclusivamente processual e jurídico. Poderia uma vida humana caber nesse procedimento sumário? Poderia a verdade de Deus e a sua justiça esgotar-se nessa ânsia de punição? Que satisfação teria dado ao criador a aniquilação tão violenta de uma sua criatura? (…) Eis a forma do encontro entre o Filho eterno e a história ambígua de uma filha. Eis a força da graça que salva a vida. Esta vida. Esta mulher. Porque Deus não se dá em abstrato, por uma humanidade indistinta, sem rostos e suas rugas, nem biografias e as suas ambiguidades. (…) Na força e na delicadeza deste encontro humano, pressentimos um Deus que crê em cada homem e em cada mulher, que se compraz e se alegra com o seu nas cimento e o seu contínuo recomeço – Deus em contínuo ato de geração, Ele que vive eternamente gerando a vida.

José Frzão Correia



 

Edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 10.03.2020 | Atualizado em 15.04.2023

 

 
 
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