«Procurar reconciliação e paz implica uma luta dentro de si. Não é um caminho fácil. Nada de duradouro se constrói facilmente. O espírito de comunhão não é algo de ingénuo, é alargar o coração, é profunda benevolência, não escuta as suspeições.»
O Ir. Roger, fundador da Comunidade Ecuménica de Taizé, foi assassinado em 2005 por uma pessoa com perturbações mentais enquanto estava em oração. Queremos propor a sua figura doce e serena precisamente na abertura da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério norte começa a 18 de janeiro, e fazemo-lo com estas suas palavras sobre a reconciliação.
É um dom necessário que S. Paulo, por exemplo, define com linguagem jurídico-matrimonial, a de dois esposos que reconstroem a sua ligação ferida.
Para nos encontrarmos, na sociedade e na Igreja, é decisivo o amor: isso não exclui a verdade e o debate de qualidades, mas torna-se o fermento indispensável para fazer reencontrar a unidade, o abraço, a partilha.
Para fazer isto, o Ir. Roger indica algumas opções: antes de corrigires os outros, corrige-te a ti mesmo; deves enveredar pela via da paciência e do trabalho constante; é importante alargar mente e coração, superando despeitos e obstinações; é preciso vencer a suspeição.
Este último compromisso merece um sublinhado. O escritor inglês setecentista Thomas Paine, na sua obra “Senso comum”, afirmava que «a suspeição é a companheira das almas mesquinhas». Faz-te estender a mão ao outro mas sempre com a reserva de ter pronta uma arma na outra.
Infelizmente, a vida moderna habituou-nos à desconfiança, e por isso o diálogo é sempre difícil e nunca totalmente sincero. As relações são pontuadas pela dúvida e até pelo medo. Sem sermos ingénuos, é todavia necessário «alargar o coração» e arriscar mais na generosidade.