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Presépio: Cultura e arte, mas sobretudo sinal de fé

«Aproxima-se a festa do Natal e em muitos lugares já está a ser preparado o presépio (…). Pequeno ou grande, simples ou elaborado, o presépio constitui uma representação do Natal familiar e expressiva como nunca. É um elemento da nossa cultura e da arte, mas sobretudo um sinal de fé em Deus, que em Belém veio "habitar connosco"»: assim sublinhou S. João Paulo II, a 12 de dezembro de 2004, numa das últimas orações do Angelus em que foi capaz de falar.

Cinco anos mais tarde, na mesma ocasião – a tradicional bênção dos “Meninos Jesus” na praça de S. Pedro –, Bento XVI acentuou que «não é suficiente repetir um gesto tradicional, embora seja importante. É preciso procurar viver na realidade de todos os dias aquilo que o presépio representa, isto é, o amor de Cristo, a sua humildade, a sua pobreza (…).

O presépio é uma escola de vida, da qual podemos aprender o segredo da verdadeira alegria. Ela não consiste em ter muitas coisas, mas em sentir-se amado pelo Senhor, em fazer-se dom para os outros e em querer-se bem. Olhemos para o presépio: Nossa Senhora e São José não parecem ser uma família coroada de êxito; tiveram o seu primogénito entre grandes indigências; contudo estão repletos de alegria interior, porque se amam, se ajudam e sobretudo porque estão certos de que na sua história é Deus quem age, o Qual se fez presente no pequenino Jesus. E os pastores? Que motivo teriam para se alegrar? Aquele recém-nascido não mudará certamente a sua condição de pobreza nem de marginalização. Mas a fé ajuda-os a reconhecer (…) o "sinal" do cumprir-se das promessas de Deus para todos os homens que Ele ama».

Tudo conceitos que, há precisamente um ano, o papa retomou e desenvolveu na belíssima carta apostólica “O sinal admirável”, sobre o significado e valor do presépio. Na qual, em conclusão, recorda que «o presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade. Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso “obrigado” a Deus, que tudo quis partilhar connosco para nunca nos deixar sozinhos».

Este Natal quase à porta, este Natal barricado por causa da pandemia que não cessa de nos assediar, será diferente de todos os outros. Muitas famílias não se poderão reunir, os amigos não se poderão rever, nem feiras com diversões para as crianças, nada ou quase nada de tudo. Um Natal difícil, visto quase que em tom menor, com a tentação de ceder à ideia de que, no fim de contas, será um não-Natal. Sendo assim, porque se haverá de perder tempo em decorações e presépios? A resposta já nos foi dada pelos sucessores de Pedro: para continuar a educar-nos a contemplar Jesus. De quem não comemoramos o nascimento, mas que a cada 25 de dezembro nasce nas nossas casas, nos nossos corações. Ajudemo-lo a encontrar um lugar.


 

Salvatore Mazza
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 12.12.2020 | Atualizado em 18.04.2023

 

 
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