«A única certeza da vida é a morte. E é a certeza em que menos se acredita. Toda a História do mundo assentou sempre na ignorância de que se é mortal. Aqueles mesmo que o sabem não o veem – a não ser em instantes de exceção. Que seria o mundo com essa evidência sempre presente? Só o homem sabe que é mortal. Mas raramente o homem sobe até si», Vergílio Ferreira (em “Conta Corrente 2”).
A morte faz parte da nossa vida terrena e só existe morte porque houve primeiro uma vida. Não nascemos para morrer. Nascemos para continuar a nascer!
Mas todas as mortes que ocorrem prematuramente, como com atletas a fazer desporto, me inquietam e me fazem interrogar Deus sobre o seu sentido e o seu porquê?... e Deus não me responde...
Mas depois, penso que estes atletas que nos morrem, e nos deixam tanta saudade, são assim como os “antigos guerreiros”, que morriam a combater pela sua pátria.
São estes nossos valentes e nobres “guerreiros” que contribuem para que o desporto mantenha o seu poder de atração e de constante busca de superação dos limites, dos adversários e das metas.
E a verdade é que a vida, sem propósitos, sem metas, sem desafios, sem riscos a correr, não tem mistério, não tem tanto sabor.
Recentemente morreu-nos numa batalha desportiva chamada “Dakar“ um desses grandes guerreiros do nosso país, o Paulo Gonçalves. Alguém que elevou sempre alto as cores da Bandeira Nacional nas principais provas mundiais.
Um homem com H grande, porque bom, humilde e sempre solidário com os adversários em perigo, que parava a sua corrida para os ajudar, perdendo assim a hipótese de ganhar etapas e a liderança das provas.
Tudo provas que viveu a vida a fundo nestes 40, com amor à família, ao desporto e à vida.
Como dizemos no mundo da fé :
«Travou o bom combate» ( 2 Tim 4, 7). Foi um homem e atleta exemplar, e por isso acredito, também por justiça de Deus para vidas assim, que Deus no “Dakar do Céu “o acolheu na sua paz e lhe ofereceu a “coroa da Glória”.
A sua carreira nos “dakares da terra” terminou, mas a sua vida e o seu bom exemplo, constituem no seu conjunto, um verdadeiro e perene monumento ao desporto.