«Preocupa-me que continue a persistir uma certa mentalidade machista, inclusive nas sociedades mais avançadas, nas quais se consumam atos de violência contra a mulher», sublinha o papa no prólogo do livro “Diez cosas que el papa Francisco propone a las mujeres”.
Na introdução ao volume das Publicações Claretianas, que vai ser lançado a 7 de março, em Madrid, o papa assinala que as mulheres são «objeto de maus-tratos, tráfico e lucro, assim como de exploração na publicidade e na indústria do consumo e da diversão».
«Preocupa-me igualmente que na própria Igreja o papel de serviço a que todo o cristão é chamado deslize, no caso da mulher, algumas vezes, para papéis que são mais de servidão do que de verdadeiro serviço», aponta Francisco.
A autora, María Teresa Compte Grau, diretora do curso de Doutrina Social da Igreja na Universidade Pontifícia de Salamanca, analisa o magistério do papa sobre a mulher, bem como as linhas que ele abriu para conseguir «uma presença mais incisiva» na Igreja.
O livro centra-se no envolvimento das mulheres em organismos diocesanos de tomada de decisões, bem como em comunidades e famílias cristãs, onde subsistem culturas de domínio do homem.
A obra detém-se igualmente, em continuidade com o ensinamento do papa S. João Paulo II, na aposta de Francisco no diálogo com os feminismos, valorizando as suas contribuições para a emancipação da mulher, sem que isso impeça uma perspetiva crítica.
«Creio que é necessária uma renovada investigação antropológica que incorpore os novos progressos da ciência e das atuais sensibilidades culturais para aprofundar cada vez mais não só a identidade feminina, como também masculina, para assim servir melhor o ser humano no seu conjunto», declara Francisco.
O papa faz votos de que o livro gere «uma maior sensibilidade e reconhecimento da missão e vocação da mulher» e lembra que Maria, mãe de Jesus, é modelo de mulher e ícone da Igreja, chamada a ser «Mãe que ama todos com ternura e carinho».