Las Vegas, considerada a capital mundial do entretenimento. No parque de estacionamento, as marcas de tinta branca pintadas no asfalto servem agora para “arrumar” as pessoas sem-abrigo suspeitas de estarem contaminadas pela pandemia. A imagem, publicada no diário católito italiano "Avvenire", sensibilizou o papa, e foi a partir dela que lançou a intenção de oração para a missa que celebrou esta manhã.
«Estes dias de dor e de tristeza evidenciam muitos problemas ocultos. No jornal, hoje, há uma foto que toca o coração: muitos sem-teto de uma cidade deitados num parque de estacionamento, em observação… muitos sem-teto há hoje», comentou.
«Peçamos a Santa Teresa de Calcutá que desperte em nós o sentido da proximidade a tantas pessoas que na sociedade, na vida normal, vivem escondidas, mas, como os sem-teto, no momento das crises, se evidenciam assim», disse Francisco na introdução à celebração.
Na homilia, o papa refletiu sobre as leituras proclamadas nas missas desta quinta-feira, extraídas do livro do Génesis (17,3-9) e do Evangelho segundo João (8,51-59), centradas na figura de Abraão, na aliança com Deus e em Jesus, que veio ao mundo para «refazer» a criação, através da «redenção» e da libertação dos pecados.
«O Senhor recordou-se sempre da sua aliança. Repetimo-lo no Salmo responsorial. O Senhor não esquece, nunca esquece. Sim, esquece-se apenas num caso, quando perdoa os pecados. Depois de ter perdoado, perde a memória, não recorda os pecados», sublinhou.
Deus escolhe Abraão «para fazer um caminho», a seguir promete-lhe «uma herança», e no excerto proclamado hoje dá mais um passo, «a aliança», que faz o entrever «uma multidão de nações» de que ele será pai.
«A eleição, a promessa e a aliança são as três dimensões da vida de fé, as três dimensões da vida cristã. Cada um de nós é um eleito, ninguém escolhe ser cristão entre todas as possibilidades que o “mercado” religioso lhe oferece, é um eleito», vincou.
À promessa «de esperança» segue-se a «aliança de fidelidade»: «Tu és cristão se dizes sim à eleição que Deus fez de ti, se vais atrás das promessas que o Senhor te fez, e se vives uma aliança com o Senhor: esta é a vida cristã».
«Os pecados do caminho são sempre contra estas três dimensões: não aceitar a eleição e “elegermos” nós tantos ídolos, tantas coisas que não são de Deus», apontou.
Antes de finalizar a homilia, Francisco resumiu «a revelação» conferida hoje pela Palavra de Deus sobre a «existência cristã»: «Que seja como a do nosso pai [Abraão]: consciente de ter sido eleito, alegre por caminhar rumo a uma promessa, e fiel no cumprir a aliança.
O papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando à Comunhão espiritual.