«“Muitas vezes Deus prefere/ entrar nas nossas casas/ quando não estamos”, escreveu. Mas quando Deus entrou na sua, José Tolentino Mendonça estava.» É com estas palavras que o diretor do Jornal de Letras abre a sua coluna na mais recente edição de uma das publicações de referência no domínio da cultura em Portugal.
José Carlos de Vasconcelos dedica a totalidade do seu texto ao «poeta cardeal», destacando «uma vasta e valiosa obra» que abrange «o ensaio e a crónica, a reflexão estimulando ou fecundando a criação».
«Sempre presente a sua fé, a sua condição de católico, padre, biblista, professor, homem de cultura atento de espírito respeitador do outro e largamente aberto ao mundo. Sempre poeta», assinala.
Ao sublinhar que D. Tolentino Mendonça é o segundo mais novo membro «do “corpo” dos mais altos dignitários da Igreja católica, que elegem e aconselham o papa», o jornalista sugere que terá sido «porventura o que teve ascensão mais rápida na hierarquia católica».
«De facto, ainda há dois anos era só o padre da Capela do Rato, de tão rica tradição na defesa de valores e dos Direitos Humanos, que classificou como a sua “catedral espiritual”, prossegue o texto.
O jornalista acentua também o papel de Francisco na nomeação cardinalícia: «Tudo isto, além de em si mesmo nos dar satisfação, constitui um sinal muito expressivo das opções e do desejo para o futuro da Igreja de Roma de um papa que é uma grande figura deste século».
«Uma figura de grande humanidade, bondade, compaixão, apostado na indispensável maior abertura e modernização, em alguns aspetos mesmo “moralização”, da sua Igreja, tão importante a nível global», aponta.
Para José Carlos de Vasconcelos, a «abertura e modernização» já tinha sido iniciada pelos predecessores, «mas que se imporá ampliar bastante, assim como reforçar a vertente da doutrina social a favor dos mais pobres e desprotegidos e o empenhamento nas novas causas essenciais para a dignidade das pessoas e a própria preservação» do planeta.