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A Paixão de Cristo com os textos de Paul Claudel: 4ª- 7ª estação

Imagem © Cesare Monaco

4.ª estação: Jesus encontra a sua Mãe

Nós te adoramos, ó Cristo, e te bendizemos.
Porque com a tua santa cruz remiste o mundo.

«Ó vós todos que passais pelo caminho,olhai e vede se existe dor igual à dor que me atormenta. (…) É por isso que eu choro;desfazem-se em lágrimas meus olhos, porque não há quem me console e reanime a minha alma. Vivem consternados os meus filhos, porque triunfa o inimigo. Os meus olhos derretem-se em lágrimas;fremem as minhas entranhas. Por terra derrama-se o meu fígado, por causa da ruína do meu povo.» (Lamentações 1,12.16; 2,11)

«Ó mães que vistes morrer o primeiro e único filho,
Lembrai-vos dessa noite, a última, junto ao pequeno ser a gemer,
A água que se tenta fazê-lo beber, o gelo, o termómetro,
E a morte que vem pouco a pouco e que já não se pode ignorar.
Calçai-lhe os pobres sapatos, mudai-lhe os panos e a camisolinha.
Vem alguém para mo tomar e meter na terra.
Adeus, meu filhinho!, adeus, ó carne da minha carne!

A quarta Estação é Maria que tudo aceitou.
Ei-la ao canto da rua que espera o Tesouro de toda a Pobreza.
Os seus olhos não têm prantos, a sua boca não tem saliva.
Não diz uma palavra e vê Jesus que chega.
Ela aceita. Ela aceita uma vez mais. O grito
É severamente reprimido no coração forte e estrito.
Ela não diz uma só palavra e olha Jesus Cristo.
A Mãe olha o seu Filho, a Igreja o seu Redentor.
A sua alma violentamente vai até Ele como o grito do soldado que morre!
Ela está de pé diante de Deus e oferece, e Ele oferece a sua alma a ler.
Não há nada no seu coração que recuse ou que retire,
Nem uma fibra do seu coração trespassado que não aceite e não consinta.
E como o próprio Deus que está ali, ela está presente.
Ela aceita e olha este Filho que concebeu no seu seio
Ela não diz uma palavra e olha o Santo dos Santos.» (Le chemin de la croix)

Grande como o mar será a tua ruína.
Quem te poderá curar?
Uma espada trespassará a tua alma.
E revelará os pensamentos de muitos corações.
Senhor, escuta a minha prece.
E o meu grito chegue até ti.

Oremos. Ó Pai, que quiseste associar a Virgem Maria à paixão do teu único Filho, concedei a nós, que participamos nos seus sofrimentos, de chegar com ela à glória da ressurreição. Isto te pedimos por Cristo, nosso Senhor.
Ámen.

 


Imagem © Cesare Monaco


5.ª estação: O cireneu ajuda Jesus a carregar a cruz

Nós te adoramos, ó Cristo, e te bendizemos.
Porque com a tua santa cruz remiste o mundo.

«Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.» (Gálatas 6,14)

«Chega o instante em que já não se pode mais e onde não se pode mais avançar.
É aí que encontramos juntura e onde permitis
Que também a nós nos empreguem, mesmo à força, para a vossa Cruz.
Tal Simão o Cireneu a este madeiro arreado.
Ele o empunha solidamente e atrás de Jesus caminha,
Para que nada da Cruz se arraste nem se perca.
Senhor, possas Tu tornar-me também eu
Paciente ao madeiro que queres fazer-me carregar.
Sim, porque é preciso que nós
Carreguemos a Cruz,
Antes que a Cruz nos carregue a nós.» (Le chemin de la croix)

Não haja mérito a não ser na cruz do Senhor.
Trono e altar do nosso Salvador.
Ó cruz fiel que dás a salvação.
Não há floresta que produza as flores e os frutos desta santa árvore.
Senhor, escuta a minha prece.
E o meu grito chegue até ti.

Oremos. Senhor Jesus Cristo, Tu acolheste com reconhecimento a ajuda de Simão o Cireneu no carregar a cruz do teu suplício. Concedei-nos a graça de aceitar com alegria a cruz do teu serviço e de confortar com a nossa caridade os sofrimentos dos irmãos. Tu que és Deus…
Ámen.

 


Imagem © Cesare Monaco


6.ª estação: A Verónica enxuga o rosto de Jesus

« Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado pelos homens,como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado. (…) Fomos curados pelas suas chagas.» (Isaías 53,3.5)

Todos os discípulos fugiram, o próprio Pedro renega com desvario!
Uma mulher no auge do insulto e no centro da morte
Lança-se e chega a Jesus, e toma-lhe o rosto entre as mãos.

Ensina-nos, Verónica, a afrontar o respeito humano.
Pois aquele a quem Jesus Cristo não é somente uma imagem, mas verdadeiro,
Aos outros homens depressa se torna desagradável e suspeito.
O seu plano de vida é inverso, os seus motivos não são os deles.
Há sempre qualquer coisa nele que escapa e que está além.
Um homem feito que reza õ seu terço e que vai impudentemente à confissão,
Que jejua à sexta e que é visto entre as mulheres na missa,
Isso faz rir e choca, é engraçado e bizarro ao mesmo tempo.
Que fique atento ao que faz, pois sobre si se detêm os olhares.
Que fique atento a cada um dos seus passos, pois ele é um sinal.
Pois todo o Cristão do seu Cristo é a imagem verdadeira ainda que indigna.
E o rosto que ele mostra é o reflexo trivial
Desta Face de Deus no seu coração, abominável e triunfal!

Deixai-nos vê-la mais uma vez, Verónica,
Sobre o pano onde tu a recolheste, a face do Santo Viático
Este véu de linho piedoso onde Verónica ocultou
A face do Vindimador no dia da sua ebriedade,
Para que eternamente a ele se fixe a sua imagem
Feita do seu sangue, das suas lágrimas e dos nossos escarros!» (Le chemin de la croix)

Senhor, Deus dos exércitos, faz com que regressemos.
Faz resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
Não nos oculteis o teu rosto,
E não rejeites com ira os teus servos.
Senhor, escuta a minha prece.
E o meu grito chegue até ti.

Oremos. Ó Deus, que na paixão de Cristo nos libertaste da morte, renova-nos à semelhança do teu Filho. Faz com que nós, como ao nascer trazemos a imagem do homem terreno, assim pela ação do teu Espírito, transportemos também a imagem do homem celeste. Por Cristo…
Ámen.

 


Imagem © Cesare Monaco


7.ª estação: Jesus cai pela segunda vez

«Deus entregou-me aos ímpiose deixou-me à disposição dos malvados.» (Job 16,11)

«Não é a pedra sob o pé, nem o grilhão
Puxado com demasiada força, é a alma que repentinamente falta.
Ó meio de nossa vida! ó queda em que caímos espontaneamente!
Quando o amante já não tem polo e a fé não tem mais firmamento,
Porque a estrada é longa e porque o termo está longe,
Porque se está completamente sozinho e da consolação não há sinal!
Lonjura do tempo! aflição que em segredo cresce
Da injunção inflexível e deste companheiro de madeira!
É por isso que se estendem os dois braços à vez como quem nada!
Já não é sobre os joelhos que se cai, é sobre o rosto.
O corpo tomba, é verdade, e ao mesmo tempo a alma o consente.
Salvai-nos da segunda queda
Na qual voluntariamente se cai por tédio.» (Le chemin de la croix)

Sou um verme, e não um homem.
Rejeitado pelos homens, desprezado pela gente.
Escarnecem de mim aqueles que me veem.
Estendem os lábios e abanam a cabeça.
Senhor, escuta a minha prece.
E o meu grito chegue até ti.

Oremos. Ó Deus omnipotente, a nós que entre tantas adversidades nos sentimos em falta por causa da humana fraqueza, concedei-nos que retomemos forças pelos méritos da paixão do teu único Filho. Por Cristo…
Ámen.


 

Fonte: Arquidiocese de Potenza-Muro Lucano-Marsicouovo (Itália)
Tradução do guião (italiano) e do texto de Paul Claudel (francês): Rui Jorge Martins
Publicado em 02.04.2020 | Atualizado em 08.10.2023

 

 
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