Oferecer «livre acesso à arquitetura» é um dos propósitos da Open House Lisboa, que a 25 e 26 de setembro propõe um roteiro de espaços privados e públicos, contemporâneos ou históricos, que na edição deste ano desvenda uma dezena de espaços originalmente ligados à pertença religiosa cristã.
As visitas, na maior parte dos casos sem necessidade de inscrição, abrem portas «a espaços habitualmente inacessíveis ao olhar do público» ligados aos «caminhos da água», nomeadamente o rio Tejo e os seus vales, na capital e em Almada, refere o texto de apresentação da iniciativa organizada pela Trienal de Arquitetura de Lisboa.
Indicamos alguns dos espaços que podem ser visitados, com textos redigidos pela organização.
Convento de Santos-o-Novo «A obra, como hoje se conhece, foi edificada durante o reinado de D. Filipe II para as comendadeiras da Ordem de Santiago. Construído segundo os princípios do maneirismo e do barroco, foi parcialmente destruído com o terramoto de 1755, tendo sofrido posteriormente obras de recuperação. Num imponente claustro de planta quadrada e área generosa abrem-se galerias em arcos de volta perfeita que dão lugar às capelas. No seu interior destacam-se os painéis de azulejo e os elementos decorativos em mármore e talha dourada que caracterizam a nave única da igreja.» Igreja de Nossa Senhora da Assunção (Almada) «Inaugurada em 1969, é uma referência na arquitetura modernista portuguesa e uma das igrejas do Movimento de Renovação de Arte Religiosa. A obra mostra um notável sentido de integração no jardim público contíguo e, ao concentrar a construção na sua periferia, debruça-se sobre o mesmo, definindo no sentido oposto as frentes de rua. O corpo da igreja ocupa um ponto mais alto, recuperando o adro formalizado num extenso terraço que assenta sobre o salão paroquial. É uma das primeiras igrejas projetadas segundo os princípios do Concílio do Vaticano II, adotando uma nova organização do presbitério mais próxima dos fiéis. (…) O betão determina o processo construtivo (…).» Igreja de S. Jorge de Arroios «A igreja foi construída no século XX no contexto do Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR), em substituição da anterior igreja, demolida em 1969. (…) A igreja é separada volumetricamente dos anexos e internamente converge a atenção dos fiéis para o altar. É organizada de forma assimétrica, numa configuração em leque com o presbitério num dos cantos e distribui a assembleia por dois níveis – nave e tribuna.» Seminário de S. Paulo de Almada «Debruçado sobre o Tejo, o Seminário ocupa um antigo convento cominicano com mais de quatro séculos. Vítima do terramoto de 1755, a ampla igreja do mosteiro, de uma só nave e coberta por uma abóbada de berço, foi reconstruída entre 1760 e 1770, conservando o retábulo da capela-mor e os dois altares colaterais. A sacristia coberta pela abóbada de aresta e revestida por azulejos renascentistas sobreviveu ao terramoto. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o mosteiro e a quinta foram vendidos em hasta pública. Em 1934 voltam à posse da Igreja e o Patriarcado de Lisboa inicia obras para a instalação do seminário, transferindo uma importante coleção de azulejos, nomeadamente notáveis painéis retirados da nave da Sé de Lisboa e composições ornamentais de estilo brutesco que foram aplicadas nas salas de estudo e na Biblioteca do Convento.» Convento de Chelas «Também conhecido como Convento de São Félix e Santo Adrião de Chelas, o Convento feminino é um dos mais ancestrais edifícios monásticos da cidade e surge implantado na confluência dos Vales de Chelas e da Montanha, cujas águas convergem para o Tejo ao longo da Estrada de Chelas. A implantação organizou uma paisagem de quintas conectadas por azinhagas, cujos resquícios materiais persistem até hoje por entre hortas de carácter informal, que atestam uma aptidão natural para a produção agrícola, fruto da fértil produtividade do solo e abundância hídrica que caracterizam este lugar. A sua origem estará associada a uma ocupação visigótica assente sobre estruturas romanas, com intervenções sucessivas ao longo da Baixa Idade Média, acumulando elementos do românico, gótico e manuelino, do qual se destacam o extraordinário portal e a galilé do século XVI.» Mosteiro dos Jerónimos «O Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, da Ordem de S. Jerónimo, foi fundado por D. Manuel I, em 1496, e começou a ser edificado em 1501-1502. (…)Obedecendo a um princípio de marcada horizontalidade, a sua extensa fachada tem mais de 300 metros. A igreja e o claustro constituem uma das mais impressionantes realizações da arquitetura europeia do Gótico Final, marcado pelas soluções decorativas naturalistas características do “manuelino”. O local onde se erigiu, a antiga praia do Restelo, entre a cidade de Lisboa e a barra do Tejo, sofreu radicais transformações nos séculos XIX e XX.» Santuário de Cristo Rei (Almada) «Inspirado no Cristo Redentor do Rio de Janeiro, foi construído durante o Estado Novo após a Segunda Guerra Mundial, representativo do espírito do tempo. Assente sobre quatro pilares de betão unidos no topo em arco, forma um terraço na qual se insere a escultura do Cristo Rei, esculpida por Francisco Franco. O interior dos pilares e o espaço edificado entre estes, é ocupado com espaços expositivos e evocativos, um depósito de água que abastece a cidade de Almada e uma capela dedicada à Nossa Senhora da Paz. A sul, encontra-se o Centro de Acolhimento e a Capela do Rosário, desenhados por Luís Cunha, cujo vocabulário arquitetónico contrasta com a escala e austeridade do volume de betão do monumento.» Convento das Bernardas (Museu da Marioneta) «Localizado no flanco sul da Madragoa, o Museu da Marioneta está implantado no convento das Bernardas, que depois do terramoto de 1755 foi reconstruído sob a orientação do arquiteto Giacomo Azzolini. Depois de ter sido adquirido em 1850 por Joaquim Carreira de Melo, o espaço teve várias ocupações, de colégio a sala de cinema, sede de filarmónica, carpintaria e habitação. (…) No centro do claustro encontra-se a boca da cisterna, que servia para abastecimento da comunidade enclausurada.» Igreja de S. Julião (Museu do Dinheiro) «Este museu ocupa a antiga Igreja de São Julião, que remata um quarteirão da baixa pombalina ao lado dos Paços do Concelho. A sua forma eclesiástica sobressai quer no exterior urbano, quer no interior de salão verticalizado. (…)Após as obras de reabilitação e restauro realizadas entre 2009 e 2012, a igreja passou a funcionar como espaço cultural aberto à comunidade.» Convento da Madre de Deus (Museu Nacional do Azulejo) «Instalado no antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509, o Museu apresenta a história do Azulejo em Portugal desde finais do século XV até à atualidade, enquanto uma expressão identitária da cultura portuguesa. O convento, de fundação real, foi sempre alvo do mecenato régio, o que justifica a qualidade artística das intervenções que conheceu ao longo dos séculos e que hoje constituem um memorial de exceção de arquitetura e artes decorativas no tempo: do pequeno claustro do tardo gótico transita-se para o grande claustro renascentista atribuído a Diogo de Torralva; a igreja de 1550, despojada, em estilo chão, recebe no século XVII e XVIII a sua feição barroca, em talha dourada, azulejo e pintura. A escala humana e a simplicidade da estrutura contrapõem o fausto trazido pelo barroco, que aqui resulta numa emocionalidade contida, que aliada à qualidade artística, torna esta igreja num exemplar único, belíssimo, atualmente classificada como monumento nacional.»
Sábado, 10h00-12h00, 14h00-16h00
Sábado, 10h00-16h00
Sábado e domingo, 15h00-18h30
Sábado, 10h00-13h00, 14h00-17h00; domingo, 15h00-17h00
Sábado e domingo, 10h00 e 14h00
Sábado e domingo, 10h00-19h00
Sábado e domingo, 11h00-19h00
Sábado e domingo, 10h00-18h00
Sábado e domingo, 10h00-18h00
Sábado e domingo, 10h00-13h00, 14h00-18h00