«O grupo “Permanecei no meu amor” nasceu em 2018, por minha iniciativa, e desde logo pedi o auxílio de dois casais, bem formados, para colaborarem comigo (…). O objetivo é acolher as pessoas que viveram a triste experiência da separação conjugal e também daquelas que, depois, compuseram um novo núcleo familiar com uma nova união.»
Quem descreve o projeto é o P. Benedetto Labate, missionário da congregação do Preciosíssimo Sangue e pároco em Roma. «No espírito da exortação apostólica “Amoris laetitia”, escrita pelo papa Francisco em 2016, não temos como propósito dar respostas, mas colocamo-nos numa atitude de escuta. Esta última, efetivamente, exige antes de tudo a suspensão de toda a forma de juízo e, em segundo lugar, a caridade de oferecer um “ombro” a pessoas que, mesmo à distância de anos, sofrem por si próprias e pelos seus filhos, e não pedem mais do que um pouco de compreensão. Os encontros realizam-se a cada três semanas e todos os debates partem de um excerto da Palavra de Deus. Rotativamente, eu e os meus colaboradores introduzimos o tema e oferecemos pontos para reflexão, para depois deixar espaço às perguntas, favorecendo o diálogo no interior do grupo», explica o pároco.
Maria Pia Giannuzzo, uma das colaboradoras, lembra que «a experiência começou por um primeiro encontro com apenas duas pessoas, mas enriqueceu-se aos poucos como novos “chamados” graças aos anúncios na igreja, aos cartazes afixados no bairro e aos convites da parte de quem já participava. Durante os vários encontros desenvolvemos múltiplos temas, por vezes pedidos pelos próprios participantes: confiança, sofrimento, paciência, esperança, perdão, relações com os filhos, etc. Julgo que a intensidade e o valor desta experiência são dados pelo facto de as pessoas se sentirem escutadas sem esquemas preconcebidos, acolhidas por uma Igreja de filhos de Deus e livres para se exprimirem sem serem julgadas, reconhecendo-se amadas pelo Pai. Os participantes, de facto, declararam várias vezes sentirem-se “em família”, numa comunidade eclesial inclusiva».
«Também para nós, casais que colaboramos com o pároco, estes encontros constituem uma forte ajuda e um apoio válido para nos colocarmos sempre em debate, reconsiderando as várias situações que se apresentam em cada casamento, mesmo naqueles que se presumem ser mais sólidos. Durante o Sínodo, o papa Francisco falou de uma Igreja “em pausa”: é necessário precisamente deter-se e escutar pessoalmente o sofrimento, o sentimento de exclusão e o grito de dor que nos chegam de toda a parte», acrescenta.
Elisabetta Del Prete, que frequenta o grupo, diz que «decidi aproximar-me deste percurso porque também eu, como muitos, vivo uma separação desde há anos. Na vida, quando se vivem estas situações, é importante poder encontrar um lugar e pessoas com as quais confrontar-se; o confronto faz-te compreender que os teus medos, a tua dor, as tuas dúvidas são vividas igualmente por outras pessoas e são partilháveis. É construtivo poder-se confrontar sem julgamento, mas apenas com a escuta, e ainda que cada um carregue a sua pesada “bagagem”, só o poder falar dela aligeira o coração. Muitas vezes não é exclusivamente a nossa dor que precisa de ser acolhida, mas também a dos nossos filhos; os filhos que, infelizmente, são os que sofrem mais nessas situações (…)».
«O testemunho mais belo que nos tem sido dado pelos participantes» - conclui o P. Benedetto – «é que encontraram, nesta iniciativa, o rosto da Igreja como Mãe que acolhe e se compadece com os sofrimentos dos seus filhos, ao ponto de deixarem de sentir-se cristãos excluídos pela comunidade, ou de serem da segunda divisão, mas filhos como os outros, frágeis, acidentados, pecadores… mas como todos!».