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Nuno Teotónio Pereira: um arquiteto comprometido com uma sociedade melhor

Nuno Teotónio Pereira, a quem a Igreja Católica atribuiu o Prémio Árvore da Vida 2012, é um «homem comprometido por uma sociedade melhor», sublinha o padre João Norton, membro do Grupo de Arquitetura do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

A figura do arquiteto de 90 anos remete o religioso «para a coragem e risco na resistência ao Antigo Regime e à guerra do Ultramar», em que Portugal esteve envolvido entre 1961 e 1974.

O padre João Norton, também arquiteto, sublinha o envolvimento de Nuno Teotónio Pereira nos «movimentos cristãos de leigos, ligados à Capela do Rato, com voz ativa e critica na Igreja e na sociedade, em tempos da gestação do Concílio Vaticano II [1962-1965].

Numa homenagem recente o coautor da igreja do Sagrado Coração de Jesus, monumento nacional situado em Lisboa, afirmou «a beleza» da capital e o seu «amor à cidade», que nunca deixou de pensar, lembra o padre João Norton na declaração enviada ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

«Lisboa recebeu, de facto, a sua marca; pela arquitetura de qualidade indiscutível, no Bloco das Águas Livres, junto ao Rato, no urbanismo da cidade nova, nos Olivais e no Restelo, no compromisso social com a habitação», refere.

O associativismo profissional constitui outra das características de Nuno Teotónio Pereira: «É impressionante a quantidade de colaborações no seu trabalho: com o Nuno Portas, com o Pedro Botelho, com o Braula Reis no “Franjinhas”, Costa Cabral, Vieira de Almeida, António Freitas, e muitos outros».

«Há uma lição a aprender» da vida de Nuno Teotónio Pereira, que «fez arquitetura erudita, com apreço pela arquitetura popular, com pormenores artesanais, integrando obras de artistas, com grande sabedoria».

A sua atitude, acentua o padre João Norton, é «toda humanista» e situa-se «nos antípodas do arquiteto-estrela, dos academismos ou da sujeição da profissão à especulação económica».

A sensibilidade face às desigualdades sociais em Portugal manifestou-se diversas vezes, como aconteceu na recente sessão de homenagem: «Apelo a todos para que, em conjunto ou individualmente, façam o que for necessário, mesmo com risco, para acabar com situações de clamorosa desumanidade que existem no nosso país, muitas vezes mesmo ao nosso lado».

Teotónio Pereira foi também fundador do MRAR - Movimento de Renovação da Arte Religiosa, que deixou marca e saudade: «Até hoje, independentemente de uma ou outra obra bem sucedida, não se voltou a pensar a arquitetura religiosa com tanta profundidade, experimentação, colaboração e diálogo».

«Na igreja do Sagrado Coração de Jesus há um diálogo entre a arquitetura e a fé que exprime um momento entusiasmante da redescoberta dos valores da liturgia no espaço da celebração», observa.

O Prémio Árvore da Vida «faz toda a justiça à pessoa e obra do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, é um estímulo para a Igreja, para a cultura e a cidadania», conclui o padre João Norton.


 

Rui Jorge Martins
Publicado em 20.06.2012 | Atualizado (mudança de grafismo da página) em 08.07.2025

 

 
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