O teólogo João Manuel Duque, distinguido pela Igreja católica, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, com a edição de 2021 do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, considera que a teologia não pode ser «simplesmente um serviço interno à vida da Igreja», mas «ponte com a vida em comum».
«[O prémio] é uma espécie de eco a partir do exterior daquilo que eu sempre considerei que deveria ser a teologia e que sempre tentei praticar como teólogo, que é um trabalho a partir do mundo, no meio do mundo, mergulhado no mundo, e, sobretudo, no mundo da cultura», disse hoje, em declarações à Agência Ecclesia.
Depois de expressar «surpresa» pela escolha e de referir que outros teólogos portugueses também seriam merecedores da distinção, José Manuel Duque afirmou-se «muito grato ao júri, à Conferência Episcopal Portuguesa e ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura pelo reconhecimento desse esforço de tentar colocar a teologia no circuito cultural nacional, com benefício para todos».
«A teologia tem de evitar dois extremos: ser demasiado presunçosa, orgulhosa, como se tenha a verdade toda para dizer às pessoas» - antes, deve ter «humildade» e dar o seu contributo «com todos os outros»; mas também «não se pode retrair nem pode ter preconceito de inferioridade, como se não tivesse cidadania de contributo para o bem de todos», sublinhou.
A reflexão de João Manuel Duque, pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa, presidente do Centro Regional de Braga da mesma instituição procura conceber «uma teologia a partir do quotidiano das experiencias, muito em diálogo com a filosofia, que é a leitura argumentada e racionalizada da vida quotidiana».
Para «repetir coisas que já foram ditas e escritas há muitos séculos», a teologia «não tem o mínimo de interesse»; ela apenas será relevante «se participar na procura comum» para o bem da humanidade, vincou.
O professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica destacou também que o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, atribuído anualmente desde 2005, «ganhou cidadania, não apenas eclesial, nos últimos anos relativamente a personalidades muito salientes da vida cultural» portuguesa.
João Manuel Duque, leigo, com 57 anos, defende que a teologia «é um ministério aberto, não necessariamente ligado ao ministério ordenado», e por isso aberto ao laicado.