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Diálogo

Igreja Católica e Cultura: a perspetiva do presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

“O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?”

Recorro à invejável sabedoria das crianças, que, quando perguntadas sobre de quem gostam mais – se do papá se da mamã –, respondem: – dos dois. Aqui: – dos três. Mas peço licença para acomodar a pergunta: reordeno os termos para “manter, repensar, criar”. Esta sequência, pelo menos subjetivamente, aproxima mais a realidade.

Eliminar ou preterir qualquer uma das opções seria correr riscos: de mentira, de medo, de menoridade (mental), de complexo de superioridade, de deslumbramento. E bastaria a concretização de um destes riscos para riscar a relação. Riscar, no duplo sentido de anular e desfigurar, manchar. E essa relação deve viver e viver limpa, o mais possível.

Que interesse teria teorizar, com sentido alternativo, sobre a importância do alicerce, da estrutura, do telhado? Pois… parecido!

Manter: Ser capaz de olhar para o passado com a serenidade de quem se sabe limitado, como limitados foram os que construíram o nosso mundo: tentaram e falharam; tentaram e deram passos; tentaram e conseguiram. Aí está a grandeza da herança!

– Por quê havíamos de ignorar essa realidade? – Por medo? de quê? – Por vanglória? por quê? Riscar o passado é uma temeridade e uma tremenda injustiça. O passado não é chão para ser calcado, mas alicerce, para aprender e construir sobre ele.

Repensar: Se for, de facto, pensar mais uma vez vale sempre a pena; se for, pelo contrário, manobra dilatória é engano sobre engano. Pensar, verdadeiramente, é um gesto nobre: se não procura bodes expiatórios; se está aberto à verdade; se não limita o horizonte com falsos condicionalismos prévios. Pensar mais uma vez, assim, com este enquadramento, pode ser, ao mesmo tempo, terapêutico e luminoso: sinaliza os tropeços e não fecha o caminho. Dá ainda mais vontade e confiança para olhar em frente.

Criar: Que maravilha o ser humano poder, à sua (limitada) maneira, associar-se à obra da Criação! Fica subentendida a correlação: extasiar-se pela herança e melhorá-la. É disso que se trata; mas não se trata da falsa arte de repintes ou de retoques de produto de pantógrafo. Criar, em qualquer frente, é ousar, até ao limite, buscar o novo, com todas as linguagens disponíveis. Para que o limite esteja antes do abismo é imprescindível que os pés, as mãos, o coração e a cabeça, o Homem todo, estejam firmemente ancorados na herança. Entraremos, assim, na irrepetível aventura diária de, com Deus, continuar a «fazer novas todas as coisas» (Ap. 21, 5).

 

+Pio Alves

 

D. Pio Alves
Bispo auxiliar do Porto, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
© SNPC | 02.05.12

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