«Recordar que a ação pertence ao Senhor permite (…) nunca perder de vista que é o Espírito a finte da missão: a sua presença é causa – e não efeito – da missão. Permite ter sempre bem presente que “a nossa capacidade vem de Deus”; que a história é guiada pelo amor do Senhor, e nós somos seus coprotagonistas.»
«O evangelista sublinha que Jesus “confirmava a Palavra com os sinais”. Que significa? Que aquilo que realizamos tem uma origem precisa: a escuta e o acolhimento do Evangelho. Mas quer dizer também que deve haver uma ligação forte entre aquilo que se escuta e aquilo que se vive. Viver a Palavra e proclamar a Palavra ligada à vida.»
«É triste ver quantas organizações caíram na ratoeira dos organigramas: tudo perfeito, tudo instituições perfeitas, todo o dinheiro necessário, tudo perfeito… Mas dizei-me: onde está a fé? Onde está o Espírito? “Estamos a procurá-lo juntos, sem, segundo o organigrama que estamos a fazer”. Estai atentos aos funcionalismos. Estai atentos para não cairdes na escravidão dos organigramas, das coisas “perfeitas”.»
«O Evangelho é desordem porque o Espírito, quando chega, faz alvoroço, ao ponto de a ação dos apóstolos parecer de beberrões; assim diziam: “Estão embriagados!”. A docilidade ao Espírito é revolucionária, porque Jesus Cristo é revolucionário, porque a incarnação é revolucionária, porque a ressurreição é revolucionária.»
«Humildade e mansidão são as chaves para viver o serviço, não para ocupar espaços, mas para desencadear processos.»
«A palavra “católica” pode (…) traduzir-se com a expressão “fazer-se próximo”, porque é universal, “fazer-se próximo”, mas de todos. (…) A catolicidade é precisamente a experiência do santo povo fiel de Deus: nunca percais o carácter popular. Neste sentido de ser povo de Deus.»
«Continua espalhada a tentação de pensar que a promoção do laicado – diante de tantas necessidades eclesiais – passa por um maior envolvimento dos leigos nas “coisas dos padres”, na clericalização. Com o risco de se acabar por clericalizar os leigos.»
«Também nós nos devemos perguntar: o que podemos aprender deste tempo [de pandemia] e deste sofrimento? "[Jesus] aprendeu a obediência", diz a Carta aos Hebreus, isto é, aprendeu uma forma alta e exigente de escuta, capaz de permear a ação. Pormo-nos à escuta deste tempo é um exercício de fidelidade a que não nos podemos subtrair. Confio-vos sobretudo quem foi mais atingido pela pandemia e quem arrisca pagar o preço mais alto: os pequenos, os jovens, os idosos, quantos experimentaram a fragilidade e a solidão.»
«Uma Igreja do diálogo é uma Igreja sinodal, que se coloca junta à escuta do Espírito e daquela voz de Deus que nos chega através do grito dos pobres e da terra. Com efeito, o plano sinodal não é tanto uma programação e uma realização, mas antes de tudo um estilo a incarnar. E devemos ser exatos quando falamos de sinodalidade, de caminho sinodal, de experiência sinodal. Não é um parlamento, a sinodalidade não é fazer um parlamento. A sinodalidade não é apenas a discussão dos problemas, das várias coisas que existem na sociedade. É mais. A sinodalidade não é procurar uma maioria, um acordo sobre soluções pastorais que devemos realizar. Só isto não é sinodalidade; isto é um belo “parlamento católico”, mas não é sinodalidade. Porque falta o Espírito. (…) Não pode existir sinodalidade sem o Espírito, e não existe o Espírito sem a oração. Isto é muito importante.»
«Na corrida desenfreada ao ter, à carreira, às honras ou ao poder, os fracos e os pequenos são muitas vezes ignorados e rejeitados, ou considerados como inúteis, aliás são considerados como material descartável. Por isso desejo que o vosso empenho e o vosso entusiasmo ao serviço dos outros, plasmados pela força do Evangelho de Cristo, restituam o gosto da vida e a esperança no futuro a muitas pessoas, em particular a tantos jovens.»
«Com os jovens das vossas sociedades, hoje mais que nunca, enfrentai os desafios nos quais está em jogo o estado de saúde da nossa casa comum. Trata-se de uma verdadeira conversão ecológica que reconhece a eminente dignidade de cada pessoa, o seu valor próprio, a sua criatividade e a sua capacidade de procurar e promover o bem comum.»
«Encorajo-vos a não ter medo de percorrer os caminhos da fraternidade e de construir pontes entre as pessoas, entre os povos, num mundo onde se erguem ainda tantos muros por temor dos outros.»