A Athletica Vaticana, primeira associação desportiva formalizada no Vaticano, formada por cidadãos e trabalhadores que representam a equipa de atletismo da Santa Sé, “assinou contrato” com o primeiro bispo.
Trata-se do francês Jean-Paul Vesco, dominicano, responsável pela diocese de Oran, na Argélia, que desde a juventude corre a maratona, modalidade em que alcançou, como melhor tempo, 2h52.
«Desde novo tinha o projeto de ser atleta. Depois, como adulto, a corrida irrompeu novamente na minha vida, e em Nova Iorque, no distante 1989, obtive o meu recorde na maratona», explicou ao jornal do Vaticano.
«Descobri que a motivação nestas grandes distâncias não é a competição com os outros, mas a escuta de ti próprio. A corrida é liberdade porque transforma qualquer percurso, inclusive urbano, em amplos espaços», acrescentou.
Para o prelado de 57 anos, que foi ordenado padre aos 39 e recebeu o terceiro grau do sacramento da Ordem aos 50, «basta calçar os sapatos de corrida para que o universo interior e exterior superem os seus limites».
«Santo Agostinho diz que cantar é rezar duas vezes. Não sei o que teria dito se fosse um “runner”, mas a corrida é para mim um lugar de meditação e especial disponibilidade interior», afirmou.
«Recordo-me de ter percecionado uma forte consciência do chamamento a segui-lo num momento em que a minha vida era demasiado ruidosa para o ouvir em qualquer outro lugar à exceção do ritmo da corrida no deserto», assinalou.
«Ainda que agora já não seja um atleta, estou feliz por partilhar a experiência da Athletica Vaticana e participarei aqui, na Argélia, em algumas corridas com a t-shirt branca e amarela, como experiência e encontro e de diálogo», prosseguiu.
«Não escondo uma ideia que me fascina: em 2021 os Jogos do Mediterrâneo – nascidos precisamente para comunicar, através do desporto, uma mensagem de paz e de diálogo entre religiões e culturas – realizar-se-ão precisamente em Oran. Seria bonito que nessa edição participasse também a representação de atletismo da Santa Sé: seria acolhida de braços abertos na Argélia», conclui.