«Os maratonistas são buscadores de esperança que escolhem não resignar-se ao possível para a sua vida e sonham o impossível»: esta foi a definição da experiência da maratona sugerida pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na missa celebrada na vigília da Maratona de Roma, competição que decorreu este domingo.
A celebração, na denominada “Igreja dos Artistas”, muito preenchida por participantes, terminou com uma oração e a bênção dos atletas, profissionais e amadores, acompanhados por treinadores, dirigentes e familiares, na qual se rezou para que o desporto seja instrumento e linguagem de paz.
A prece foi confiada a Viktorua Gudyma, atleta ucraniana presente na celebração com o filho, Lev, de 11 anos, que fugiu de Kiev por causa da guerra, e que foi acolhida pela Athletica Vaticana, instituição polidesportiva da Santa Sé, responsável pela iniciativa da missa, oração e bênção.
«A maratona é democrática, todos podem participar juntos», apontou o poeta, acrescentando que a corrida «é uma experiência também espiritual porque não se corre apenas com o corpo, mas também com o coração: com histórias, lágrimas, desejos, muita energia de transformação, vontade de mudança».
Para o cardeal português, muitas pessoas, «inclusive que já não são jovens», desejam correr «porque têm um desejo no coração, não se resignam ao “possível” e sonham “o impossível” para a sua vida», procurando «novas estradas», aceitando, nesse itinerário, «desafios e sacrifícios», elementos que estão «no centro da espiritualidade».
«Também a crise que chega durante a maratona, como também na nossa vida, é um momento fundamental», assinalou, antes de sublinhar a utilidade da corrida para a estruturação da personalidade: «Quando chegas à meta, com as tuas fragilidades mas levado por diante pelo teu coração, conheces muito mais coisas importantes de ti próprio, da tua alma: é um momento de construção de si próprio».
É por estes motivos que «todos vencem na maratona – um sonho, uma alegria, uma beleza, uma peregrinação –, porque tem a ver com a dimensão profunda da vida. Também quem chega em último é um verdadeiro primeiro», concluiu D. José Tolentino Mendonça na missa concelebrada por três padres maratonistas e pelo assistente espiritual da Athletica Vaticana.