Não se pode «antepor a lei, mesmo a moral, ao anúncio tangível do amor e da misericórdia de Deus», frisou o papa em mensagem vídeo dirigida aos 1500 participantes no II Congresso Internacional de Catequese, que decorre no Vaticano.
«Por favor, na comunicação da fé, não cair na tentação de inverter a ordem com a qual desde sempre a Igreja anunciou e apresentou o “kerigma”», pediu Francisco, referindo-se aos conteúdos nucleares da fé cristã que o evangelizador é chamado a transmitir em primeiro lugar.
O papa vincou que «não se podem esquecer as palavras de Jesus: “Não vim para condenar, mas para perdoar”» e alertou que «não se pode supor impor uma verdade da fé prescindindo do chamamento à liberdade que aquela comporta».
No «contexto de indiferença» religiosa que marca a contemporaneidade, o catequista «não pode esquecer» que «a sua palavra é sempre um primeiro anúncio» que «toca o coração e a mente de muitas pessoas que estão na expetativa de encontrar Cristo».
Dirigindo-se aos participantes oriundos de 48 países, incluindo Portugal, muitos acompanhados por bispos, o papa reiterou que o catequista não é um professor e a catequese não é uma lição.
«A catequese é a comunicação de uma experiência e o testemunho de uma fé que acende os corações, porque insere neles o desejo de encontrar Cristo», assinalou.
Além do testemunho, o anúncio não se esgota no ensino de conteúdos: «É preciso que o catequista compreenda, portanto, o grande desafio de como educar para a fé, em primeiro lugar, quantos têm uma identidade cristã frágil e, por isso, precisam de proximidade, de acolhimento, de paciência, de amizade».
«Como seria útil para a Igreja se as nossas catequeses se baseassem no fazer colher e viver a presença de Cristo que age e opera a nossa salvação, permitindo-nos experimentar desde já a beleza da vida de comunhão» com Deus, apontou.