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Bíblia

"O último livro de Saramago é uma desilusão"

O director do Secretariado Nacional da Pastoral Cultura, manifestou a sua “desilusão” com a obra Caim, novo livro de José Saramago.

Em entrevista à Agência Ecclesia, o P. José Tolentino Mendonça considera que o Nobel da Literatura fez uma releitura “banal” do texto bíblico, longe das “páginas magistrais” de John Steinbeck em A Leste do Paraíso ou da interpretação do filósofo Paul Ricoeur da fraternidade como “decisão ética”.

A obra ficou envolta em polémica quando o autor, a propósito da apresentação mundial do livro, afirmou que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".

“A perplexidade trazida pelas afirmações de José Saramago é, no fundo, como é que um grande criador, um grande cultor da língua, pode olhar para a Bíblia – património de culturas diferentes e fonte de inspiração para tanta literatura – com o simplismo com que o faz e dizer as coisas que tem dito”, afirma o P. José Tolentino Mendonça.

O biblista lamenta que, em Caim, José Saramago escreva que a Bíblia é “o livro dos disparates”: “É uma redução inaceitável, não só do ponto de vista da fé, mas do ponto de vista da cultura”, defende.

 

O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica considera que Saramago é um leitor que “revisita permanentemente a Bíblia”, seja em citações, seja nas suas personagens, mas o resultado desse esforço na sua última obra é, “absolutamente uma desilusão”.

“Esperar-se-ia muito mais da revisitação que um grande escritor pode fazer do texto bíblico”, indica, considerando que o livro é, “em grande medida, um texto banal”.

A Bíblia está aberta a várias leituras, crentes e não crentes, mas nem todas são válidas. O exegeta e poeta expressou a sua “perplexidade” por Saramago não tomar em consideração a necessidade de uma “interpretação” do texto, tomando-o à letra, “no seu absurdo”.

“O que impressiona nesta opção é ele [Saramago] recusar que aquele texto precisa de uma interpretação, de uma leitura simbólica”, declara.

O P. José Tolentino Mendonça realça que a Bíblia “é um livro de fé, que é lido a partir dessa perspectiva por milhões de pessoas, e ao mesmo tempo um livro de literatura, um ‘superclássico’”.

É necessária “uma compreensão da Bíblia enquanto texto literário para verdadeiramente chegar ao seu sentido”, é preciso “ir à terra do poeta”, perceber que há “um sentido segundo, terceiro, que não se pode ler de forma literal e unívoca, e que os géneros literários são para respeitar”.

O sacerdote madeirense considera também que as declarações de José Saramago sobre Deus e a Bíblia estão muito marcadas pela ideologia do escritor, mais do que por uma tentativa de “recriação profunda das temáticas abordadas nos textos bíblicos”.

 

In Agência Ecclesia
19.10.09

Imagem
Códice Vaticano
Manuscrito grego da Bíblia

































 

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