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Evocação

«O patriotismo não chega»

As guerras apresentam grandes oportunidades para heroísmo no campo de batalha, mas também nos bastidores. Durante a Primeira Guerra Mundial uma enfermeira inglesa viveu as suas crenças cristãs até ao fim. Valeu-lhe a morte, mas poderá ter feito mais que qualquer golpe de propaganda para mobilizar os aliados que acabaram por vencer a guerra.

Edith Cavell nasceu numa família devota, em 1865. O seu pai era um pastor anglicano e educou sempre os filhos nas virtudes cristãs. Os Cavell deviam pensar primeiro nos outros, ajudando os pobres na medida das suas possibilidades.

Edith Cavell procurou responder a esta vocação seguindo enfermagem. Acabou por ser convidada para ir para Bruxelas para formar enfermeiras naquele país, e encontrava-se lá quando começou a Primeira Guerra Mundial.

Tolerada pelos alemães invasores, apesar de ser inglesa, acabou por ser detida quando se comprovou que tinha ajudado cerca de 200 soldados aliados a escapar para a Holanda.

FotoEdith Cavell com as suas enfermeiras

Foi julgada e condenada à morte. Os seus acusadores mostraram-se indiferentes às evidências de que tudo tinha feito para salvar vidas, e que se tinha aplicado com igual fervor no socorro a soldados alemães feridos. “Não posso parar enquanto houver vidas para salvar”, dizia.

A sua execução foi transformada num golpe de marketing pelas forças aliadas, afundando ainda mais a já frágil reputação alemã na cena internacional. Após a sua morte, por fuzilamento, o número de voluntários britânicos duplicou.

Nada de que Cavell se orgulhasse, certamente. Na véspera da sua morte tornou claro que se orgulhava de morrer pelo seu país, mas que: «O patriotismo não chega. Não devo sentir ódio ou rancor para com ninguém». Nas suas horas mais escuras foi acompanhada pelas palavras de Tomás de Kempis em “Imitação de Cristo”, o seu livro de cabeceira.

FotoCorbis

Quando o padre anglicano chegou para a ver na véspera da sua execução o soldado que a guardava confiou-lhe a sua admiração. «Ela é assim», disse, enquanto endireitava a coluna.

Edith Cavell morreu mas não vergou. É recordada com estima no seu país de origem e um pouco por todo o mundo, tendo sido agora publicada uma biografia, escrita por Diana Souhami.

A vida de Edith Cavell já havia sido evocada em 2007, no livro "Coragem: oito retratos", escrito pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown.

 

Filipe d'Avillez
© SNPC | 23.10.10

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