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Novo número da Didaskalia reflete sobre a "Atualidade e debate do evento cristão, de Bento XVI ao texto bíblico"

A Didaskalia, revista da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), lançou recentemente o primeiro fascículo de 2010, dedicado ao tema “Atualidade e debate do evento cristão: de Bento XVI ao texto bíblico”.

Em “A cristologia de Joseph Ratzinger”, Henrique Noronha Galvão defende que o atual Papa mostra que só mediante o testemunho dos que conheceram diretamente Jesus e o interpretaram à luz da fé nos é facultado o acesso à sua figura real, tal como existiu na história, o verdadeiro “Jesus de Nazaré”. Supera-se assim a separação racionalista entre o “Jesus histórico” e o “Cristo da fé”.

No estudo “A escatologia cristã e o platonismo. O contributo de J. Ratzinger para a desconstrução de um postulado”, José Jacinto Farias constrói um registo da argumentação de J. Ratzinger no seu tratado sobre a escatologia e do seu contributo na desconstrução do pressuposto assumido na escatologia sobretudo no âmbito da teologia protestante, mas que encontrou amplo acolhimento também na teologia católica, segundo o qual a escatologia cristã seria devedora dos esquemas do pensamento grego. No seu intento de desplatonizar a escatologia, J. Ratzinger foi levado progressivamente à verificação de que o sentir eclesial se distancia criticamente do esquematismo grego e que na sua conceção antropológica da relação alma-corpo é essencialmente cristã, relevando-se assim a novidade da conceção cristã do homem na sua constituição metafísica, com grandes consequências para a escatologia e muito especialmente para a escatologia intermédia. O sentir eclesial surge como critério da teologia e princípio de verificação da verdade ou inverdade das teorias. A exposição procura relevar o contributo do estudo de J. Ratzinger para a escatologia, tanto do ponto de vista do método como do ponto de vista sistemático.

“Die Kirche in Europa in der Theologie Joseph Ratzingers” é o título do artigo de Siegfried Wiedenhoffer, escrito em alemão, onde o autor defende que o Cardeal Ratzinger/Papa Bento XVI delineou um conceito teológico e pastoral muito abrangente e consistente, que merece toda a atenção dentro e fora da Igreja: desde as suas repetidas tomadas de posição sobre o problema de uma nova evangelização neste contexto europeu profundamente pluralista; à questão da relação Igreja – Estado balançada entre separação e cooperação; ou ao tema do contributo da Igreja para uma ética política europeia.

O debate teológico em torno da Trindade apresenta, no período contemporâneo, uma assinalável vitalidade, assinala Alexandre Palma em “A renovação contemporânea da teologia trinitária. Contexto, aquisições e perspetivas”. Vulgarmente apreendida como uma espécie de «teorema celeste», a doutrina trinitária tem vindo, com o contributo da reflexão teológica, a recuperar uma centralidade existencial correspondente à centralidade que sempre gozou na profissão do Símbolo da fé cristã. O artigo propõe-se apresentar uma visão global da renovação contemporânea da teologia trinitária, articulada em três momentos: descrevendo o contexto teológico em que esta renovação acontece; sistematizando as mais significativas aquisições teológicas desta renovação; e abrindo a possíveis perspetivas para continuar a reflexão.

Qual é o significado especificamente político do pontificado de Bento XVI?, pergunta Miguel Morgado no texto “Notas breves sobre a política no pontificado de Bento XVI”. Ao longo da sua vida, este Papa tem refletido profundamente sobre questões políticas no sentido mais abrangente do termo. A sua originalidade parece incidir na preocupação com o papel dos católicos enquanto católicos nos países ocidentais onde se tem assistido a um recuo da religião, em geral, e do catolicismo, em particular. Na segunda parte deste breve ensaio, procuro passar em revista a obra de João de Salisbúria, recomendada pelo Papa, e tento estabelecer alguns paralelos entre o pensamento político de ambos.

Na secção sobre o projeto “Bíblia Comunicação & Arte”, Rafael Aguirre apresenta os antecedentes do atual recurso às ciências sociais pela exegese bíblica, que alcançam o seu apogeu a partir de 1970. No estudo “La Biblia desde el punto de vista de exégesis sociocientífica” (em castelhano), o autor explica que o pressuposto básico deste horizonte metodológico é a necessidade de explicitar os modelos teóricas com que nos avizinhamos dos textos e assinalar os que se ajustam melhor à sua natureza. Descrevem-se com numerosos exemplos as ferramentas da antropologia cultural, da sociologia e da psicologia social. Por fim alinham-se algumas pistas hermenêuticas sobre as repercussões para uma consideração crente e teológica dos textos.

Cláudio Malzoni começa “As edições da Bíblia em circulação no Brasil. Panorama atual” com um elenco das mais importantes edições da Bíblia em circulação hoje no Brasil entre os cristãos. Embora algumas edições estejam mais presentes em algumas igrejas que em outras, há certas edições que circulam entre cristãos de várias igrejas, por isso, não as apresentamos nem como católicas, nem como protestantes, nem como evangélicas. Dentre as edições apresentadas, oito são selecionadas ou por serem aquelas que têm maior circulação ou por algum outro fator que lhes confere importância. Apresentamos o texto de Jo 1,1-5 nestas edições selecionadas e as comparamos entre si. Estas comparações nos apontam menos para conclusões que para algumas observações a respeito destas edições. De qualquer modo, fica claro que estamos diante de um importante campo de pesquisa no que tange à história da receção do texto bíblico no Brasil.

A abrir o espaço dedicado ao “Debate da visibilidade”, Rodrigo Silva propõe “A partilha do visível. Pequeno excurso sobre a imagem”, uma meditação sobre a natureza da imagem e sobre o espaço de liberdade e de interpretação que ela instaura, cuja natureza é precária e polémica. É urgente pensar as condições em que hoje as visibilidades são criadas e sustentadas pelas indústrias da produção do visível e interrogar a condição política originária da “partilha do visível”. No meio de tantas imagens, não haverá cada vez menos imagens (dignas desse nome)?

“Ressonância afetiva, apelo ético, estilo relacional. Traços de uma fé viva e visível”, de José Frazão Correia, trata da questão da vivência e da visibilidade da fé cristã, num contexto cultural que torna particularmente difícil o seu exercício e transmissão, conduz este estudo à constelação formada pelos teólogos P. Sequeri, A. Rizzi e Ch. Theobald. Com eles, sublinha-se como a ressonância afetiva, o apelo ético e o estilo relacional são traços, de facto, significativos e operativos da fé em Jesus de Nazaré. Da atenção prática que hoje lhes dermos, tanto a nível teológico como antropológico, poderá depender a necessária reparação da afinidade entre o evento cristão e os lugares e ritmos elementares da existência humana.

 

Textos: Resumos elaborados pelos autores
© SNPC | 15.07.10

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Didaskalia: 21 721 41 35; didaskalia@ft.lisboa.ucp.pt; ISSN: 0253-1674

 

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