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Teatro

"A cacatua verde" voa para o Teatro D. Maria II

«“A Cacatua Verde” de Schnitzler é aparentemente uma peça histórica. A ação situa-se na noite de 13 para 14 de julho de 1789 em Paris. Numa cave dos arredores de Paris, Prospère, um velho diretor de uma Companhia de Teatro, abriu uma taberna (A Cacatua Verde) onde a sua Companhia finge que não faz teatro, e cria a ilusão de uma verdadeira taberna de gente de mau porte, ladrões, pedintes, prostitutas, marginais, possibilitando aos nobres que a visitam a sensação, sem perigo, do contacto com o povo e com os episódios excitantes das suas violentas vidas.

O processo complica-se quando, na noite da Revolução Francesa, a violência da realidade faz esquecer o processo de ilusão e a história que um dos atores inventou, que a sua mulher, também atriz, o trai sendo amante de um Duque, leva-o a assassinar o nobre seu rival. Seja a razão do crime verdade ou ficção, o crime acontece, mas a realidade da revolução faz com que o ato ciumento do ator se torne num ato de heroísmo na defesa do povo revolucionário e triunfante. E a alegria do “Viva a Liberdade!” é vivida pelo casal como o fim da sua felicidade.

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A profunda ironia, própria de toda a obra de Schnitzler, torna a peça quase numa comédia em que o próprio teatro entra em jogo, antecipando os temas caros a Pirandello. Aqui a tensão entre sonho e realidade, ou ilusão e verdade, adquire uma dimensão especial e particularmente interessante pelo facto de a tensão entre ficção e realidade incluir também a tensão entre a História e as consciências individuais, e tocar a própria noção de  responsabilidade política.

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A taberna é uma Cave, o que remete para a imagem da Caverna de Platão e o próprio facto de o taberneiro se chamar Prospére-Próspero remete para o processo ambíguo de “A Tempestade” de Shakespeare. Afinal como em Pirandello, a peça fala mais da vida que do teatro. Com a maior leveza e elegância, e num único ato de uma economia exemplar, Schnitzler desenha um teatro de sombras da própria Revolução, que é um prodígio de ironia na revelação da profunda complexidade do real.» (in Teatro Nacional D. Maria II)

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Arnold Schnitzler «é um autor muito leve na escrita, próximo do champanhe. Os diálogos são sucintos, com um humor muito subtil», explicou Luís Miguel Cintra, acrescentando que «a peça não fala de teatro nem de revolução, mas da arte e da vida».

Para o encenador, "A Cacatua Verde" evoca as revoluções da realidade: «Muitos dos espetáculos são passatempos mais ou menos elaborados, mais ou menos inteligentes. É difícil encontrar uma relação profunda entre a realidade e a vida. É mais um objeto de consumo do mundo burguês. Sou inconsolável em relação a isto».

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"A cacatua verde" fica no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, até 27 de março.

 

Fotografia: Luís Santos
© SNPC | 18.02.11

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