Saber latim é conhecer melhor a cultura e a Igreja, considera Bento XVI
O papa instituiu este sábado a Pontifícia Academia da Latinidade para fomentar o estudo de uma língua essencial ao estudo de fontes da Teologia, Liturgia, Patrística (autores cristãos dos primeiros séculos) e Direito Canónico.
No documento que ratifica o novo organismo, Bento XVI sublinha que é urgente criar «um maior conhecimento e um uso mais competente da língua latina, tanto no âmbito eclesial como no mundo mais vasto da cultura».
O texto começa por lembrar que o latim foi sempre tido em «altíssima consideração» pela Igreja Católica e pelos papas, que «assiduamente promovem o seu conhecimento e difusão, tendo-o assumido como língua oficial».
A Academia deverá «favorecer o conhecimento e o estudo da língua e da literatura latina, seja clássica como patrística, medieval e humanística, especialmente nas instituições de formação católicas que formam seminaristas e sacerdotes», bem como «promover o uso do latim em diversos âmbitos, seja como língua escrita, como falada».
O documento realça também a necessidade de criar uma rede de relações entre instituições académicas e estudiosos, com o objetivo de valorizar o património da civilização latina.
Em entrevista ao jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano", Ivano Dionigi, reitor da universidade de Bolonha e presidente da Academia integrada no Pontifício Conselho da Cultura, apontou três motivos para a aprendizagem do latim, do grego e dos Clássicos.
«O primeiro é a tutela dos bens culturais. Está em jogo um destino cultural. Segundo: o grego e o latim ajudam-nos a falar melhor. Terceiro, os clássicos ajudam-nos a pensar melhor, é o seu legado mais vantajoso; são fundamento do presente e, ao mesmo tempo, antagonistas do presente», afirmou.
As prioridades da Academia centram-se no restabelecimento da obrigatoriedade da lecionação do latim nos seminários e na construção de pontes «entre a pesquisa que se ocupa de tradição cristã e a clássica e pagã, entre as universidades, na divulgação a alto nível».
Rui Jorge Martins
© SNPC |
14.11.12