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Pobreza: Papa apela a «nova visão» da sociedade» e contrapõe «obras concretas» às «palavras vazias»

Pobreza: Papa apela a «nova visão» da sociedade» e contrapõe «obras concretas» às «palavras vazias»

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«O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres». Por isso, «benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança».

O papa evoca a primeira carta de S. João, «não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade», para frisar, na mensagem para o primeiro Dia Mundial dos Pobres, que a advertência do apóstolo exprime «um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir».

«A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo "discípulo amado" até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos», declara Francisco.

O documento, divulgado hoje, acentua que «a pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro» que resultam «da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada».



«Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem "se" nem "mas", nem "talvez": são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus»



«Nos nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro», sublinha o papa.

É um cenário que não permite que cada cristão permaneça «inerte e, menos ainda, resignado», repetindo falhas do passado, quando as comunidades se deixaram «contagiar pela mentalidade mundana», esquecendo a interrogação lançada por S. Tiago na Bíblia: De que aproveita, «que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé?».

À pobreza é preciso «responder com uma nova visão da vida e da sociedade»: «Se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização», alerta o papa.

O compromisso exige compaixão e ação, pelo que são «benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade». São também «benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem "se" nem "mas", nem "talvez": são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus».



«A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus»



Tudo começa no Corpo de Cristo «repartido na sagrada liturgia» que se deixa «encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis».

Francisco insiste na união intrínseca entre a Eucaristia e a inquietação por todas as pobrezas: «Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: "Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem o honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez"».

Erradicar a pobreza que anula a dignidade humana é uma obrigação, cultivá-la enquanto virtude e seguimento de Cristo é um dever, porque ela «significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência» que cria «a ilusão de ser imortal».

«A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua graça», acentua Francisco.

Assim entendida, «a pobreza é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens materiais e também viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os afetos», aponta.

O primeiro Dia Mundial dos Pobres assinala-se, este ano, a 19 de novembro.



 

SNPC
Publicado em 13.06.2017 | Atualizado em 20.04.2023

 

 

 
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