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Pintura

"O quarto e o bosque": desenhos recentes de Ilda David'

«Mesmo se parece que não, a civilização ocidental levou muito a sério o dístico de Pascal: “Toda a nossa infelicidade é provocada por uma coisa apenas: não sabermos permanecer em repouso num quarto”. A favor de Pascal estabeleceu-se uma linhagem que no quarto doméstico ou na sala do trono, no plenário civil ou na plateia do teatro, no espaço anonimamente confuso do café ou na recolhida cela monacal colocou os fundamentos para um determinado paradigma do viver. Precisamos de fronteiras, de muralhas, de tabiques, de biombos, de cercas e de  linhas, nem que sejam imaginárias, como muitas vezes foram as da história. E as marcas desta necessidade (ou desta imposição herdada) infiltram-se por nós dentro, sem darmos conta. Ver, como subtilmente, a língua aproxima perigo de percurso e experiência. Embora, com razão, Walter Benjamin pergunte: “de que nos serve toda a cultura se não houver uma experiência [se não houver um perigo] que nos ligue a ela?”.

Que este quadro humano concentracionário não nos basta prova-o a perenidade imperturbável da pergunta: “Por que é que os homens não são felizes?”. Eu francamente não sei se seremos felizes (ou menos infelizes) nos bosques. Acho que a questão destes desenhos de Ilda David’ (e que extraordinários são estes desenhos) não é essa. Na sua grafia inesquecível, quase segredada, eles não prolongam a dialética entre cultura e natureza, a cidade e o bosque, o quotidiano urbano e a redenção que poderia ser trazida pelos espaços desabitados. Eles fazem, sim, pensar naquilo que H.D.Thoreau testemunhou: “Eu parti para o bosque porque queria viver deliberadamente”.

Cada um de nós saberá para onde deve partir em nome de uma vida deliberada. Os desenhos de Ilda David’ não encenam uma fuga: colocam-nos perante a decisão.» (José Tolentino Mendonça)

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A exposição "O quarto e o bosque", desenhos recentes de Ilda David', vai ser inaugurada este sábado, 31 de março, na Giefarte (rua da Arrábida, 54 B-C, Lisboa), das 17h00 às 21h00.

A mostra pode ser vista até 12 de maio, de segunda a sexta-feira, das 11h00 às 14h00 e das 15h00 às 20h00.

 

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© SNPC | 29.03.12

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