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Música

João Rodrigues Esteves é «o maior compositor de música sacra da primeira metade do século XVIII»

«Ele é sem dúvida o maior compositor de música sacra da primeira metade do século XVIII. O público português pode ter orgulho da riqueza da sua música e das suas raízes.» As palavras são de Lionel Meunier, diretor artístico do ensemble belga Vox Luminis, que a 18 de março apresenta, no Pdequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, às 17h00, um programa constituíudo exclusivamente por obras de João Rodrigues Esteves, o compositor em causa.

O concerto insere-se, por um lado, num projeto que nos cinco últimos anos tem vindo a ser desenvolvido por Meunier, no âmbito de um programa global de interpretação de música sacra de compositores ligados a Roma.

A sua investigação levou-o ao encontro de um “Te Deum” de Domenico Scarlatti escrito por encomenda de D. João V e, através dele, dos compositores portugueses do barroco. O fascínio que nele despertou uma composição de João Rodrigues Esteves, o “Miserere” para três coros, que em 2005 havia sido apresentado em estreia moderna no prestigiado Festival de Ambronay pelo Ensemble Européen William Byrd, fê-lo querer interpretar essa obra e outras, inéditas, do compositor.

O projeto trouxe-o várias vezes a Lisboa, para pesquisar mas também para propor ao Centro Cultural de Belém a realização dum concerto monográfico, que seria o primeiro de uma série de apresentações em vários países da Europa nas quais o Vox Luminis rodaria e aperfeiçoaria o programa, com vista a uma posterior gravação para a editora discográfica belga Ricercar.

Na sua estada, conheceu o musicólogo e também compositor Eugénio Amorim, cuja tese de doutoramento em curso se centrava na música de João Rodrigues Esteves, de que tinha editado várias partituras. Amorim partilhou-as com o maestro belga, a quem indicou também os arquivos da Sé Patriarcal, onde se encontravam manuscritos. «Nesse momento, percebi que o projeto iria realizar-se e que muita música deste compositor fabuloso estava por descobrir».

Alguma dessa música inédita vai-nos ser dada a ouvir neste concerto, cujo programa foi concebido de modo a mostrar diversos estilos de escrita do autor. Dentro da música sacra, à qual terá dedicado a totalidade da sua produção (pelo menos a que até nós chegou, uma centena de obras, crendo-se que muitas outras terão desaparecido na sequência do terramoto de 1755), abordou várias formas musicais, compondo duas missas, dois “Te Deum”, obras para a Semana Santa e para o Natal, salmos e hinos de Vésperas, mas também peças para geometrias vocais invulgares – como uma obra esquecida, escrita para quatro sopranos e um contralto, que o Vox Luminis não pôde apresentar neste primeiro concerto mas que irá fazer para a próxima temporada, como complemento do “Stabat Mater” de Sacrlatti ou integrando um programa com obras de compositores setecentistas que circularam entre Roma e Lisboa (o caso de João Rodrigues Esteves, um dos bolseiros que D. João V enviou ara estudar em Itália e cuja música denuncia influências de uma escola romana).

Para já, o aliciante programa escolhido para o concerto (que será antecedido, às 16h00, na Sala de Ensaio, por um encontro com Eugénio Amorim e Lionel Meunier) inclui cinco obras em estreia moderna e outras já gravadas, como o referido “Miserere” para três coros, e é mais um importante contributo para a partilha da grande música do barroco português com um público que a ela tem vindo a render-se ao longo dos últimos anos. Particularmente, para o conhecimento da figura maior que foi João Rodrigues Esteves.

 

Obras de João Rodrigues Esteves

 

 

 

 

Manuela Paraíso
In Jornal de Letras, 07.03.2012
08.03.12

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