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Cinema

Em câmara lenta

Santiago, na casa dos 60, é um homem com uma vida dupla: casado com Laurence em patente abastança material, gere em paralelo uma relação amorosa com Constança. Gestão que pouco ou nenhum trabalho lhe dá, visto Laurence nada lhe cobrar, enquanto Constança vai aceitando a sua quota de duplicidade.

A aparente tranquilidade em que Santiago vive é no entanto atormentada por horríficos sonhos noturnos que partilha sem emoção e pela evocação insuportável de uma culpa, que transfere para a morte do irmão.

O drama de Santiago não é tanto a soma das tragédias passadas mas a frieza com que as refere, a incapacidade de as processar e, então, de lhes descobrir um sentido. Assim corre a sua existência, no vazio enorme das aparências, das frases feitas, do “não amor”, das relações despidas de significado, aliança e compromisso. Resta-lhe talvez a poesia, mas mesmo essa uma construção mental...

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É grande o desafio de um cineasta quando tenta a relação da sua obra com o espetador através duma personagem fria e hirta. É o caso de Fernando Lopes, realizador de “Em Câmara Lenta” e deste seu Santiago, homem incapaz de vestir a pele do outro, sobretudo das mulheres com quem partilha apenas uma certa intimidade, que vive no conforto transitório das aparências, de um casamento conveniente e das relações fortuitas.

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No entanto uma personagem que algumas vezes nos sugere, sem sequer o proferir ou experimentar, a urgência de passar para além da sua contingência, de se despir dessa pele e renovar a existência.

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Com bons planos, diálogos ricos sob assinatura, no argumento, de Rui Cardoso Martins (jornalista, fundador das Produções Fictícias e cocriador do Contrainformação) o filme conta com justas interpretações.

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E mesmo que não passe tudo o que se propôs transmitir, “Em Câmara Lenta” é um filme que nos faz inequivocamente pensar em vidas que todos conhecemos, próximas da existência de Santiago, e na sua respetiva páscoa.

 

 

 

Margarida Ataíde
Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
© SNPC | 12.03.12

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