Jazz
Dave Brubeck: o Pai-nosso mudou-lhe a vida
Morreu esta quarta-feira, na véspera do seu 92.º aniversário, o pianista e compositor norte-americano Dave Brubeck. Lenda viva do jazz, tocou com Duke Ellington e Ella Fitgerald, e nos anos 50 e 60 com The Dave Brubeck Quartet, alcançando enorme sucesso.
A sua música "Take Five" tornou-se o single de jazz mais vendido de todos os tempos e genérico de vários programas de televisão.
O músico californiano tornou-se católico em 1980 de forma singular. O seu primeiro contacto com a missa foi a obra "To Hope! A Celebration", encomendada por Ed Murray, diretor do "Our Sunday Visitor", quando Brubeck não tinha aderido a qualquer confissão religiosa.
Pouco tempo antes da divulgação pública da obra, em 1980, um padre perguntou-lhe por que motivo o "Pai-nosso" não estava incluído na composição.
O sacerdote «estava muito desapontado», recordou Dave. «Ele disse: "Gostei muito da missa mas deixou de fora o Pai-nosso". Eu perguntei-lhe: "O que é o Pai-nosso?", porque não significa nada para mim. Não sou católico. E ele respondeu, "Pai-nosso, que estais nos céus". Eu retorqui "é a Oração do Senhor". O padre disse, "bem, no catolicismo chamamos-lhe Pai-nosso". Então eu respondi, "ninguém me disse para o escrever, por isso não escrevi. Para mim a missa está terminada; vou de férias para as Bahamas com a minha família porque trabalhei duramente". Quando lá cheguei, o que é que sucedeu? Sonhei o Pai-nosso porque um padre me disse que o tinha deixado de fora. Saltei da cama a meio da noite e compu-lo todo. E agora está na missa».
O episódio mudou não só a obra como a vida de Brubeck: «Juntei-me à Igreja Católica porque senti que alguém me estava a tentar dizer alguma coisa».
Durante anos Dave Brubeck não se definiu como um «convertido» porque, dizia, alguém que estivesse nessa condição devia primeiro ter sido alguma coisa. E ele nunca se tinha definido do ponto de vista religioso antes de professar o Credo católico.
Rui Jorge Martins / L'Osservatore Romano
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07.12.12
Dave Brubeck