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Lisboa

Casa de Chá de Santa Isabel: o «aconchego» das Vicentinas a «trabalhar para algo maior»

Há um meio século que aqui não falta o aconchego do chá e de muito mais. Muitas gerações passaram pelo salão de chá das Vicentinas, criado por um grupo de beneméritas. Mas o tempo não perdoa e, com o desaparecimento das impulsionadoras, a paróquia local mudou para outras vicentinas. A casa foi remodelada há pouco, ficou mais «fresca», arrumada, «com cores mais leves», e reabriu no outono, rejuvenescida, como Casa de Chá de Santa Isabel.

Mudam-se os tempos, mas não se mudaram vontades: os lucros continuam a ir para obras sociais e na ementa, apesar de inovações, mantêm-se as atrações clássicas. «É uma casa marcadamente religiosa, mas aberta a toda a gente; não é um espaço para evangelizar ninguém», diz a nova diretora, Rita Assunção.

Neste salão rústico, quase conventual, as paredes guardam sinais e ícones religiosos. “Roma”, “Amor”, lê-se em dois quadros enquanto se pode beber chás (dos tradicionais às tisanas portuguesas de cidreira ou erva-príncipe e novas misturas) e provar os afamados scones, beber um chocolate quente caseiro, saborear os bolos que conjugam muitos fiéis (o russo, o de caramelo, o de chocolate ou moka…). Tudo caseiro e feito no local. Agora, há também almoços, comida para levar ou jantares de grupos, workshops e tertúlias.

O aconchego das Vicentinas sente-se na casa, nas ementas, nos voluntários e profissionais. «É trabalhar para algo maior», diz Rita, «e os clientes que aqui vêm sentem-se a contribuir do mesmo modo».

A Casa de Chá de Santa Isabel ("Vicentinas") fica na Rua de São Bento, 700, em Lisboa. Abre para almoços e lanches, de segunda a sexta das 11h30 às 19h, aos sábados das 16h00 às 20h00.

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A história da Casa de Chá

Há mais de meio século um grupo de senhoras juntou-se em Lisboa para apoiar os doentes de tuberculose - demasiadas vezes postos de lado pelo resto da sociedade. 

A conselho do Cardeal Cerejeira, este grupo organizou-se como Grupo de Vicentinas da Obra de Nossa Senhora do Amparo, lançando assim as bases para a fundação da Casa de Chá anos mais tarde. 

Tudo começa quando, por volta de 1956, o grupo é desafiado pelo padre Américo a dar apoio ao bairro da Curraleira: uma zona de Lisboa onde reinava a pobreza, o alcoolismo e o desemprego. Representantes da alta sociedade lisboeta empenham-se na causa e chegam à conclusão de que uma das formas de ajudar aquelas famílias era ensinando uma arte - a costura - que pudesse trazer rendimentos extra; mas mais importante, criar uma fonte de auto confiança e estabilidade para os habitantes do bairro.

Foto Miguel Manso / Público

Criou-se um atelier onde cerca de 50 mulheres começaram a aprender esta arte, orientadas por duas modistas. A Obra de Nossa Senhora do Amparo arranjava os tecidos e as máquinas de costura, e os trabalhos feitos eram vendidos sobretudo na época do Natal, em vendas organizadas. O sucesso chegou rapidamente. As Vicentinas, inspiradas pelas suas viagens às capitais da moda, como Paris ou Milão, davam a conhecer às mulheres do bairro da Curraleira os últimos "gritos da moda". Nascidos de mãos trabalhadoras, estes modelos de topo "made in Portugal'" desfilavam pelos palcos de Lisboa; e o projeto atingiu dimensões consideráveis. 

Com isto, começou a ser necessário um espaço onde os modelos pudessem estar expostos de forma constante. E foi assim que na década de 1950, e com a ajuda da Câmara Municipal de Lisboa, um antigo armazém de bananas se transformou numa passerelle. A quem vinha assistir aos desfiles, as Vicentinas ofereciam chá e scones, dando assim origem aos que muitos aclamam ser "O Melhor Lanche de Lisboa".

Do grupo original de Vicentinas restam apenas dois membros. Por esta razão, o pároco de Santa Isabel, padre José Manuel Pereira de Almeida, foi desafiado em 2011 a não deixar morrer este espaço. Fiel aos princípios das Vicentinas, a agora designada "Casa de Chá de Santa Isabel" contribui com a totalidade dos seus lucros para as obras sociais da Paróquia de Santa Isabel.

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O Ano da Fé na Casa de Chá

No âmbito do Ano da Fé, que a Igreja Católica assinala até 24 de novembro, a paróquia de Santa Isabel está a organizar na Casa de Chá um conjunto de conversas com o título "Procurar a fé é já acreditar".

As conversas inspiradas no Credo prosseguem a 5 de fevereiro com "Creio em um só Senhor, Jesus Cristo [...]". Os encontros decorrem mensalmente até junho, sempre às 21h00.

 

Luís J. Santos (Público, 19.1.2013)
História: Site da Casa de Chá de Santa Isabel
20.01.13

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