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Exposição

"Primitivos Portugueses": Museu Nacional de Arte Antiga expõe 160 pinturas dos séculos XV e XVI e abre diálogo com a contemporaneidade

«A grande exposição dedicada aos Primitivos Portugueses (1450 a 1550), que vai abrir entre 11 de novembro e 27 de fevereiro de 2011 no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, é o tema de capa da mais recente edição do Jornal de Letras (n.º 1046).

O jornalista Luís Ricardo Duarte explica o contexto da exposição:

«Há precisamente 100 anos, Portugal ‘descobria’ a sua pintura antiga, por mais paradoxal que possa parecer. Durante várias décadas, o Renascimento foi um período quase vazio, preenchido apenas por uma ou outra obra que se encontrava nas igrejas. Mas no final do século XIX, uma descoberta com contornos míticos – estava perdida no convento de São Vicente de Fora, no meio de velharia – deu a conhecer aquele que é amais emblemática das obras portuguesas: os “Painéis de São Vicente”.»

PinturaVirgem do Leite (Frei Carlos, c. 1525)

«O achado – continua o texto – fez furor, sobretudo depois do seu restauro e da apresentação pública, em maio de 1910, dando início a largas discussões sobre a sua interpretação. É esse centenário que agora se celebra, numa grande exposição organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga.»

A exposição, intitulada “Primitivos Portugueses (1450-1550) – O século de Nuno Gonçalves” abre a 11 de novembro, exceto o núcleo que vai estar patente a partir do dia 18 no Museu de Évora, especialmente dedicado aos pintores luso-flamengos e às oficinas ativas na cidade nas primeiras décadas do século XVI.

Comissariada por José Alberto Seabra Carvalho, a exposição será uma oportunidade para «(re)descobrir a arte produzida no período dos Descobrimentos, em que os artistas que trabalhavam em Portugal, alguns estrangeiros, acertaram o passo com o que de melhor se fazia na Europa. Além disso, há 70 anos que não se fazia uma mostra com estas características» refere Luís Ricardo Duarte.

ImagemSanta Apolónia e Santa Inês, Santa Catarina e Santa Bárbara (Gregório Lopes, Jorge Leal (atrib.)

Não se trata, porém, de mais uma mostra, ainda que significativa: «O nosso objetivo é dizer que hoje sabemos muito mais sobre estas pinturas, mas também que ainda nos falta saber muito mais», diz o comissário ao Jornal de Letras.

As novas possibilidades tecnológicas permitiram conhecer melhor as obras – desenhos preparatórios, hesitações, definições dos detalhes da composição –, o que obrigará os investigadores a rever as teorias avançadas até à data.

«Não se pense, contudo, que esta é uma iniciativa para especialistas e investigadores. A exposição, garante o comissário, está pensada para o grande público. A reconstituição de alguns retábulos, como o do Paraíso, o que até à data nunca foi possível, não deixará de deslumbrar o espetador», assinala o texto do JL.

ImagemCalvário (Frei Carlos?)

«Segundo os especialistas, mesmo com a presença de artistas estrangeiros, a pintura feita em Portugal tem uma marca própria, como comprovam os retábulos e painéis religiosos de Évora, Coimbra, Aveiro e Arouca», indica Luís Ricardo Duarte.

O site do MNAA esclarece que estarão em confronto «mais de 160 pinturas dos séculos XV e XVI, reconstituindo alguns dos mais belos retábulos portugueses desse período».

«Contando com a colaboração de muitas coleções públicas e privadas, a seleção de peças privilegiou quer os painéis retabulares mais importantes, quer as pinturas menos conhecidas, algumas oportunamente restauradas para esta ocasião. Do estrangeiro, comparecem importantes obras de museus de Itália, França, Bélgica e Polónia».

O percurso integra materiais gráficos, incluindo uma zona exclusivamente dedicada ao conhecimento, exposição e polémicas relacionadas com os “Primitivos Portugueses” desde 1910, além de documentação laboratorial associada à investigação do processo criativo das pinturas mais relevantes.

 

Retábulo contemporâneo de Pedro Cabrita Reis

Foto

O retábulo contemporâneo “Altar Piece #2”, de Pedro Cabrita Reis, vai ser colocado em frentes aos “Painéis de São Vicente”, fazendo a ponte da mostra com a exposição “D’Aprés Nuno Gonçalves”, que realiza em dezembro, no âmbito do colóquio internacional que vai reunir alguns dos especialistas mundiais na obra do pintor renascentista português.

As obras dos 29 artistas podem ser vistas a partir do princípio do próximo mês na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e no Museu Nacional de Arte Antiga. Uma terceira extensão vai ser inaugurado em fevereiro de 2011 no Museu do Chiado, com duas instalações vídeo.

O trabalho de Pedro Cabrita Reis surge na sequência da atenção que tem dedicada ao «universo da iconografia da religião católica», como é o caso da série “Deposição”, com duas obras expostas este ano em São Paulo e em Lisboa.

Na cidade brasileira, o escultor apresentou uma viga de ferro e tem 16 metros de comprimento por oito de largura, que não se detém apenas na questão cristã ou religiosa da deposição de Cristo no túmulo, visando, segundo o autor, lançar «um olhar sobre a queda do homem, filosoficamente falando».

 

Jornal de Letras / SNPC
© SNPC | 03.11.10

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