Pintura
As paisagens de Monet
O Grand Palais, a maior galeria pública de exposições da capital francesa recebe uma retrospetiva com obras que percorrem a trajetória do pintor impressionista Claude Monet. É a maior exposição desde 1980, quando o mesmo espaço realizou uma mostra de grande porte do autor dos jardins mais famosos da história da pintura.
A atual exposição reúne obras de museus franceses, além de exemplares de galerias como o Hermitage, de São Petersburgo, e o Gulbenkian, de Lisboa, num total de 200 quadros realizados entre 1860 e 1926, ano da morte do pintor. A expectativa do Grand Palais é receber 500 mil visitantes até 24 de janeiro.
A intenção é revelar aspetos desconhecidos e novas perspetivas para a obra do artista, fruto de pesquisas recentes que, segundo o curador Richard Thomson, ainda não existiam nos anos 1980. Monet (1840-1926) não nasceu impressionista. Antes de turvar as paisagens com pinceladas largas, rápidas e quase displicentes, criou pinturas bastante convencionais e muitas delas não costumam integrar as exposições dedicadas ao pintor.
Glaçons sur la Seine à Bougival (Neige sur la rivière), 1867
O Grand Palais vai mostrar algumas, como a marina Le phare de l’histoire, um retrato do farol da cidade de Honfleur, e Le bord de la mer à Honfleur, ambos de 1864, quando o pintor contava apenas 24 anos. São pinturas quase realistas, mas que já revelam a habilidade do artista para o registo de paisagens.
Les Coquelicots à Argenteuil, 1873
A exposição reúne também as obras mais conhecidas, como os fragmentos do inacabado Déjeuner sur l’herbe, pintado em resposta ao quadro homónimo de Édouard Manet, que escandalizou a sociedade parisiense ao mostrar moças nuas reclinadas na relva ao lado de rapazes elegantemente vestidos. Monet nunca terminou sua versão do almoço, bem mais comportada que a do colega.
Méditation, Madame Monet au canapé, 1870-71
Está na mostra também o ciclo Le bassin aux Nymphéas, realizado no jardim da casa de Giverny, nos últimos anos de vida, já no início do século 20. “Ele é um artista tão variado. Ele sempre mudou muito. É um artista caleidoscópico e nada estático. Talvez seja o paisagista mais importante do século 19”, diz Thomson, em entrevista gravada para o site da exposição.
Le Port du Havre, effet de nuit, 1873
La gare Saint-Lazare à l'extérieur (le signal), 1877
La Falaise à Dieppe, 1882
Meule, effet de neige, le matin, 1891
Le Parlement, effet de soleil, 1903
Femme au jardin, 1866
Le Déjeuner, 1873
La Maison du Pêcheur à Varengeville, 1882
La Débâcle, temps gris, 1880 (Museu Calouste Gulbenkian)
Déjeuner sur l'Herbe, 1865 (det.)
Les Déchargeurs de Charbon, 1875
La Capeline Rouge, 1873
La Grenouillère, 1869
La Manneporte, 1883
En Norvégienne, 1887
Le palais Contarini, 1908
Grosse Mer à Etretat, 1868-1869
Les Lilas, temps gris, 1872
Nahima Maciel
In Correio Braziliense
14.10.10
Autoretrato