Cinema
"O Mágico": de Tati, com muito amor
Nasceu da prodigiosa imaginação de Tati e é o mais recente filme de Sylvain Chomet, o realizador que nos deliciou em 2003 com o inesquecível “Belleville Rendez-Vous” e as suas impagáveis “triplettes”!
Tati–argumentista já conhecíamos, mas muitos de nós habituaram-se a descobrir-lhe a assinatura apenas nos filmes que ele mesmo dirigiu e protagonizou: “Há Festa na Aldeia”, “As Férias do Sr. Hulot” ou “Play Time–Vida Moderna”, que punham plateias a rir a bandeiras despregadas nas décadas de cinquenta e sessenta.
Agora, em “O Mágico” é como se recebessemos uma mensagem de Jacques Tatischeff, seu nome de nascença, vinda do além e encerrando num mesmo envelope, simultaneamente, um tanto da sua vida e um voto de Natal:
Em desenho animado, corre a história deste modo: Um mágico francês de idade avançada tenta a todo o custo manter viva a arte e o espetáculo do ilusionismo, enfrentando a forte concorrência das recém-nascidas bandas rock dos anos 50 e 60.
Vencido por estas, parte primeiro para Inglaterra, depois para a Escócia, onde conhece uma rapariga pobre de uma aldeola que procura, por sua vez e a todo o custo, manter viva a sua ilusão: uma vida melhor. Da aldeia para a cidade e aos poucos, estreita-se uma belíssima amizade entre ambos, respetivamente filial e paternal...
O que tem esta história de especial está naturalmente para além do que acima foi dito, o muito mais que há a descobrir no restante conto biográfico de Tatischeff, sobre a mudança dos tempos e das vontades, sobre o eclodir das modas urbanas e a sua perenidade. E, por contraposição, o que não se perde no tempo nem nos lugares: o amor, seja qual for a sua natureza!
O filme pode ser, entre muitos outros, um excelente pretexto para reunir, depois do presépio, avós e netos diante do mesmo ecrã.
Margarida Ataíde
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28.12.10