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É Março e é Natal em Ouagadougou

"Inhotim", excerto do novo livro de António Pinto Ribeiro, lançado em Junho.

"Inhotim Centro de Arte Contemporânea fica a uma hora e meia de carro de Belo Horizonte, junto à vila de Brumadinho, e a estrada nem sempre é o que se esperaria de uma estrada que dá acesso a um dos mais inesperados e maravilhosos museus de Arte - porque é disso que se trata - do mundo. Inaugurou em 2004, aquando da Bienal de São Paulo do mesmo ano, e entrou em regular funcionamento em 2006. Trata-se da combinação de vários museus num só - alguns dedicados a um único artista e a uma única obra -, com instalações a céu aberto, uma colecção botânica que já exibe 3500 exemplares num lugar acolhedor, aprazível, intelectualmente estimulante, sensorialmente único.

Com apenas quatro anos de funcionamento, é já uma referência mundial no universo das artes contemporâneas e na comunidade dos botânicos. O seu impacto decorre de factores muito claros: organização e gestão do espaço exemplares, serviços eficazes, acolhimento fraternal, restaurantes de grande qualidade e com um serviço irrepreensível, um cuidado e um respeito invulgares pelo jardim e pelas obras expostas, uma relação de convivialidade com as comunidades em redor, que se traduz no facto de Inhotim ser o grande empregador da região, ter colaborações artísticas com as escolas e prestar serviços à comunidade na formação cívica ou no apoio à forma­ção escolar dos jovens.

De facto, Inhotim criou uma estreita relação de proximidade entre a natureza e a arte, para a qual contribuiu o facto de o seu criador, Bernardo Paz, ter iniciado esta aventura em colaboração com o arquitecto paisagista Burle Marx. Essa relação de proximidade entre o jardim, as obras de arte e a arquitectura dos espaços é realmente de uma organicidade única. Por fim, há que destacar a qualidade das obras, a pertinência de todas elas, que são de uma importância evidente para a história da arte, e o facto de a colecção não se traduzir na acumulação de peças (esse comum fetichismo do coleccionador) mas ser uma escolha absolutamente personalizada do proprietário de Inhotim, que elegeu os seus artistas predilectos e os vai acompanhando através da encomenda ou aquisição de obras, entendendo os períodos ou momentos fracturantes das obras dos "seus artistas".

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E possível ver ali várias obras de Cildo Meireles, Tunga, Artur Barrio - os fundadores da arte contemporânea brasileira -, como é possível ver as obras de Adriana Varejão, Valeska Soares, Doris Salcedo, Doug Aitken, Hélio Oiticica, Jarbas Lopes e outros, num total de cerca de sessenta peças expostas actualmente. Nenhuma está a mais, é impensável que alguma possa abandonar aquele local a partir de agora.

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A história do Brasil, na sua imensa riqueza, é tanto uma história de paradoxos como de acontecimentos imprevisíveis onde a paixão e uma certa loucura vizinha da genialidade estão sempre presentes. Penso isto quando me lembro da construção ciclópica que foi fazer a Ópera de Manaus, no séc. XIX, no meio da selva amazónica, para aí fazer cantar Caruso. Há algo deste desregramento criativo também em Inhotim. Que sorte têm os brasileiros e todos nós que gostamos de arte e de jardins!"

 

 

 

 

António Pinto Ribeiro
In É Março e é Natal em Ouagadougou, ed. Cotovia
05.07.10

Capa

É Março e é Natal em Ougadougou

Autor
António Pinto Ribeiro

Editora
Cotovia

Páginas
108

Ano
2010

Preço
16,00 €

ISBN
978-972-795-302-8


 

 

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