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«Vícios» da política são «vergonha da vida pública» e ameaçam «paz social», afirma papa

«A corrupção, nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas», é o primeiro dos «vícios» da política, que são «a vergonha da vida pública», «fragilizam o ideal de uma autêntica democracia» e ameaçam a «paz social», considera o papa na sua mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz, que se assinala a 1 de janeiro.

O desregramento está também presente na «negação do direito, o não respeito das regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder mediante a força ou com o pretexto arbitrário da “razão de Estado”, a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa de cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em vista do lucro imediato» e o «desprezo por aqueles que foram obrigados ao exílio».

No texto, intitulado “A boa política está ao serviço da paz”, Francisco frisa que «não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança».

«Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas», defende.

Depois de recordar o ensinamento do papa emérito Bento XVI e «as bem-aventuranças do político», declinadas pelo cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, o documento recorda que «cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito».

Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras», acentua Francisco

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«A paz é uma conversão do coração e da alma» que requer três condições: «a paz consigo mesmo», «a paz com o outro» e «a paz com a criação»



O papa reconhece que «confiança» na vida política «nunca é fácil», especialmente num tempo marcado pela «desconfiança que está enraizada no medo do outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens», bem como em «atitudes de fechamento ou nacionalismos» que lançam suspeitas sobre a «fraternidade» de que o mundo globalizado «tanto precisa».

A mensagem evoca os 100 anos após o fim da I Guerra Mundial, nomeadamente «os jovens mortos» e «as populações civis dilaceradas», para lembrar «a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo».

«O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade», aponta.

O texto assinala também o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a 10 de dezembro, antes de referir que «a paz é uma conversão do coração e da alma» que requer três condições: «a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência», «a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo» e «a paz com a criação».

Francisco salienta que «a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo».

Por isso, prossegue, «se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade».


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: Phawat.to/Bigstock.com
Publicado em 18.12.2018

 

 
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