«Há um vazio em forma de Deus no coração de cada pessoa e nunca pode ser preenchido por nada.»
Há algum tempo li com gosto o livro "Breve história do verbo ser", de Andrea Moro. Trata-se, com efeito, do termo que entrelaça na sua conjugação dentro da linguagem humana não só a língua e a lógica, mas também a filosofia, a matemática e até a teologia, dado que o próprio Deus assim se revela a Moisés: «Eu sou aquele que sou» (Êxodo 3, 14).
Na abertura daquele volume o autor colocava a frase fascinante acima transcrita, acrescentando esta precisão: «Citação apócrifa de Pascal». Tal como acontece com Santo Agostinho, um pensador fulgurante, assim também o célebre filósofo e cientista francês não podia não gerar um fluxo de imitadores que lhe atribuíam aforismos ou reflexões inventadas.
É verdade, todavia, que é própria de Pascal a exaltação das «razões do coração que a razão não conhece». Aqui, no entanto, introduz-se uma etapa posterior: o coração humano tem um tal abismo de profundidade que só pode ser preenchido por Deus, isto é, do Infinito e do Eterno.
Em vão a pessoa procura preencher esta espécie de buraco da alma com as coisas, com os prazeres, com as distrações. Mas estas realidades só podem, no máximo, aplacar o estômago e os sentidos; nunca conseguem nem sequer aliviar a atração que aquela ausência exerce, tornando-nos sempre em tensão e insatisfeitos. O próprio desejo humano, que é insaciável, é o testemunho deste vazio que anseia que nada, exceto Deus, consegue colmatar.