Maternidade e paternidade são dom de Deus, mas acolher o dom, maravilhar-se com a sua beleza e fazê-lo resplandecer na sociedade é a vossa tarefa. Cada um dos vossos filhos é uma criatura única que nunca mais se repetirá na história da humanidade. Quando se compreende isto, ou seja, que cada um foi querido por Deus, fica-se maravilhado por quão grande milagre é um filho.
Um filho muda a vida! Todos nós vimos – homens, mulheres – que quando chega um filho a vida muda, é outra coisa. Um filho é um milagre que muda uma vida. Vós, rapazes e raparigas, sois precisamente isto: cada um de vós é fruto único do amor, vem do amor e cresce no amor. Sois únicos, mas não estais sós. E o facto de terdes irmãos e irmãs faz-vos bem: os filhos e as filhas de uma família numerosa são mais capazes de comunhão fraterna desde a primeira infância. Num mundo marcado muitas vezes pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de partilha; e estas atitudes vão depois beneficiar toda a sociedade.
Vós, crianças e jovens, sois o fruto da árvore que é a família: sois frutos bons quando a árvore tem boas raízes – que são os avós – e um bom tronco – que são os pais. Dizia Jesus que cada árvore boa dá frutos bons e cada árvore má dá frutos maus. A grande família humana é como uma floresta, onde as árvores boas dão solidariedade, comunhão, confiança, apoio, segurança, sobriedade feliz, amizade.
A presença das famílias numerosas é uma esperança para a sociedade. E para isto é muito importante a presença dos avós: uma presença preciosa, seja para a ajuda prática, seja sobretudo pelo contributo educativo. Os avós guardam em si os valores de um povo, de uma família, e ajudam os pais a transmiti-los aos filhos. No século passado, em muitos países da Europa, foram os avós a transmitir a fé: levavam a criança, às escondidas, a receber o Batismo e transmitiam a fé.
Caros pais, estou-vos grato pelo exemplo de amor à vida, que vós protegeis desde a conceção ao fim natural, ainda que com todas as dificuldades e pesos da vida, e que infelizmente as instituições públicas nem sempre vos ajudam a suportar. (…) Toda a família é célula da sociedade, mas a família numerosa é uma célula mais rica, mais vital, e o Estado tem todo o interesse em investir nela.
Bem-vindas por isso as famílias reunidas em associações (…); e bem-vinda uma rede de associações familiares capazes de estar presente e visível na sociedade e na política. S. João Paulo II, a esse propósito, escrevia: «As famílias devem crescer na consciência de serem “protagonistas” da chamada “política familiar” e assumir a responsabilidade de transformar a sociedade: doutra forma as famílias serão as primeiras vítimas daqueles males que se limitaram a observar com indiferença» (Familiaris consortio, 44). O compromisso que as associações familiares desenvolvem nos diversos fóruns, nacionais e locais, é precisamente o de promover na sociedade e nas leis dos Estado os valores e as necessidades da família.
Bem-vindos também os movimentos eclesiais, nos quais vós, membros das famílias numerosas, sois particularmente presentes e ativos. Agradeço sempre ao Senhor ver pais e mães de famílias numerosas, juntamente com os seus filhos, comprometidos na vida da Igreja e da sociedade.
Por minha parte estou próximo com a oração, e coloco-vos sob a proteção da Sagrada Família de Jesus, José e Maria. E uma bela notícia é que precisamente em Nazaré se está a fazer uma casa para as famílias do mundo que peregrinem até lá, onde Jesus cresceu em idade, sabedoria e graça. Rezo em particular pelas famílias mais provadas pela crise económica, por aquelas em que o pai ou a mãe perderam o trabalho – e isto é duro –, em que os jovens não conseguem encontrá-lo; as famílias provadas nos afetos mais queridos e por aquelas tentadas a render-se à solidão e à divisão. (…)
Cada uma das vossas famílias seja sempre rica da ternura e da consolação de Deus. Com afeto vos bendigo. E, por favor, continuai a rezar por mim, que sou um pouco o avô de todos vós. Rezai por mim.
Papa Francisco