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Tomáš Halík em Portugal celebra missa, lança novo livro e fala sobre o «regresso de Deus»

Imagem Tomáš Halík | D.R.

Tomáš Halík em Portugal celebra missa, lança novo livro e fala sobre o «regresso de Deus»

O padre checo Tomáš Halík, conhecido pelo diálogo entre crentes e não crentes e a quem foi atribuído uma das maiores distinções a nível mundial, o Prémio Templeton, vai estar em Portugal nos primeiros dias de maio com uma agenda que inclui a celebração de uma missa, o lançamento de um livro e três conferências.

No próximo domingo, 1 de maio, pelas 11h30, o sacerdote concelebrará a Eucaristia na capela do Rato, em Lisboa, proferindo a homilia, em inglês, que será traduzida para português.

Para dia 2 está prevista uma sessão de autógrafos na Paulinas Livraria do Porto (Rua de Cedofeita, 355), pelas 15h00, e às 21h15 Halík apresenta a conferência “Porque me abandonaste?”, em Braga, no Auditório Vita.

A capela da Universidade de Coimbra recebe nova intervenção do sacerdote no dia 3, às 11h00, e às 18h30 Tomáš Halík estará em Lisboa, na Culturgest, para a conferência “O Regresso de Deus”, com tradução simultânea para português, iniciativa que será acompanhada do lançamento do novo livro, "Quero que tu sejas - Podemos acreditar no Deus do amor?".

Todas as iniciativas do programa têm entrada livre e gratuita, embora a intervenção no grande auditório da Culturgest esteja sujeita a levantamento de senha, meia hora antes do início da sessão. As conferências serão proferidas em inglês, mas a tradução ficará disponível, seja durante a sessão, seja mais tarde.

 

Quem é Tomáš Halík?

Tomáš Halík arriscou a prisão por defender as liberdades religiosas e culturais após a invasão do seu país por parte da União Soviética. Desde então tornou-se um dos mais destacados advogados do diálogo entre diferentes pertenças religiosas e não crentes.

Condenado em 1972 como “inimigo do regime” por parte do Governo comunista, Halík, hoje com 67 anos, passou quase duas décadas a organizar e construir uma extensa rede secreta de académicos, teólogos, filósofos e estudantes dedicada a cultivar os alicerces intelectuais e espirituais para o Estado democrático que ele e outros desejavam. Foi o tempo da “universidade subterrânea” e da “Igreja subterrânea”.

Esses anos de trabalho de campo e de aconselhamento a líderes que combatiam pela libertação, como Václav Havel, primeiro presidente da República Checa, e o cardeal František Tomášek ajudaram a então Checoslováquia na transição para a democracia, após a “Revolução de Veludo” de 1989.

Os múltiplos livros e conferências de Tomáš Halík preconizam que a longa tradição intelectual do catolicismo o situa como uma ponte entre as culturas ocidentais marcadas pelas religiões tradicionais, pelo secularismo e pelo islão.

Em 1992 o papa S. João Paulo II nomeou-o para o então Conselho Pontifício para o Diálogo com Não-crentes, que mais tarde viria a juntar-se ao Conselho Pontifício da Cultura, e em 2009 Bento XVI outorgou-lhe o título de monsenhor.

Entre os vários reconhecimentos públicos que recebeu, mais de uma dezena no seu país de origem e no estrangeiro, no domínio da literatura, direitos humanos e diálogo inter-religioso e intercultural, destaca-se o Prémio Templeton, atribuído em 2014 pela Fundação John Templeton (EUA), no valor de 1,3 milhões de euros, um dos maiores a nível mundial atribuídos a pessoas que contribuem para afirmar a dimensão espiritual da vida.

Publicados em 11 línguas, as obras de Halík estão também editadas em Portugal, pela Paulinas: "Paciência com Deus", melhor livro teológico europeu em 2009/10, "A noite do confessor", "O meu Deus é um Deus ferido" e "Quero que tu sejas".

 

A conferência "O regresso de Deus"

Muitos sociólogos contemporâneos argumentam que a era da secularização chegou ao fim, que «Deus está de volta» e que vivemos atualmente num tempo pós-secular. Todavia, colocam-se várias questões fundamentais, todas elas críticas para esse debate: será a sociedade pluralista e global pós-moderna verdadeiramente pós-secular? Que tipo de religião regressou? Que espécie de Deus «está de volta»? O retorno contemporâneo à religião é sinal de um emergente novo tempo de Cristianismo? Porventura devemos esperar outro Deus?

No nosso tempo estão a ocorrer modalidades diferenciadas de regresso à religião. Primeiro, constata-se o seu papel crescente na política. Depois, verifica-se uma «viragem religiosa» da filosofia pós-moderna e um novo conceito de Deus na teologia pós-moderna. Por fim, tem-se comprovado um interesse crescente pela espiritualidade. Estes fenómenos são ambivalentes, implicando desafios e riscos.

Uma das principais distinções sociais no Ocidente atual não é a divisão entre crentes e não-crentes, mas a divisão entre os crentes estabilizados (os tradicionais paroquianos) e os buscadores, considera o sociólogo norte-americano Robert Wuthnow. No Ocidente, por exemplo, vem diminuindo o número de pessoas que participa em celebrações religiosas, ao passo que o número de «buscadores» tem vindo a aumentar rapidamente.

Uma das características predominantes do futuro do Cristianismo será, com toda a probabilidade, o acompanhamento destes «buscadores», percorrendo parte do seu itinerário em diálogo com eles. O objetivo principal desse acompanhamento não é empurrar os «buscadores» para dentro de estruturas da Igreja já existentes, mas enriquecer e abrir as fronteiras institucionais e intelectuais existentes através do diálogo mútuo.

 

Textos: Prémio Templeton, Culturgest
Redação: Rui Jorge Martins
Publicado em 25.04.2016

 

 

 
Imagem Tomáš Halík | D.R.
Condenado em 1972 como “inimigo do regime” por parte do Governo comunista, Halík, hoje com 67 anos, passou quase duas décadas a organizar e construir uma extensa rede secreta de académicos, teólogos, filósofos e estudantes dedicada a cultivar os alicerces intelectuais e espirituais para o Estado democrático que ele e outros desejavam
Publicados em 11 línguas, as obras de Halík estão também editadas em Portugal, pela Paulinas: "Paciência com Deus", melhor livro teológico europeu em 2009/10, "A noite do confessor", "O meu Deus é um Deus ferido" e "Quero que tu sejas"
Uma das principais distinções sociais no Ocidente atual não é a divisão entre crentes e não-crentes, mas a divisão entre os crentes estabilizados (os tradicionais paroquianos) e os buscadores, considera o sociólogo norte-americano Robert Wuthnow. No Ocidente, por exemplo, vem diminuindo o número de pessoas que participa em celebrações religiosas, ao passo que o número de «buscadores» tem vindo a aumentar rapidamente
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