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«Temos de lutar, lutar, pela dignidade das mulheres», sublinha Francisco

A coragem das mulheres superior à dos homens, a servidão das jovens submetidas ao submundo do tráfico, o preçário da sua compra e venda, o perdão de mães que perderam os filhos por causa do terrorismo e a mutilação genital foram alguns dos temas refletidos hoje pelo papa, durante o encontro com o jornalistas a bordo do avião que o trouxe de regresso a Roma, após os quatro dias da visita ao Iraque.

«Temos de lutar, lutar pela dignidade das mulheres. São elas que levam a História por diante, não é um exagero, as mulheres levam por diante a História, e não é um cumprimento porque hoje é o Dia das Mulheres», frisou Francisco, refere o jornal “L’Osservatore Romano”, na transcrição de trabalho, não oficial, da conversa com os profissionais da comunicação.

Referindo-se à visita realizada no domingo a Qaraqosh, considerada a principal cidade cristã do Iraque, o papa afirmou que o aspeto mais tocante para ele foi «o testemunho de uma mãe», que perdeu o filho nos primeiros bombardeamentos do Isis.

«Ela disse uma palavra: perdão. Fiquei comovido. Uma mãe que diz: eu perdoo, peço perdão para eles. Veio à minha memória a viagem à Colômbia, o encontro em Villavicencio, onde muitas pessoas, mulheres sobretudo, mães esposas, falavam da sua experiência do assassinato dos filhos e do marido. Diziam: “Eu perdoo, eu perdoo”. Perdemos esta palavra, sabemos insultar à grande, sabemos condenar à grande, eu em primeiro. Mas perdoar… perdoar os inimigos, isto é Evangelho puro», observou.

Para Francisco, «as mulheres são mais corajosas do que os homens, sempre foi assim». Mas continua hoje a ser «humilhada». E a seguir apresentou um exemplo extremo: «Uma de vós fez-me ver a lista dos preços das mulheres [preparada pelo Isis, que comprava as mulheres cristãs e yazidis]. Não podia acreditar: se a mulher é assim, de tal idade, custa tanto… As mulheres vendem-se, as mulheres escravizam-se».

Mas o papa não precisa de ir para muito longe do Vaticano para chegar a essa constatação: «Também no centro de Roma o trabalho contra o tráfico é um trabalho de cada dia».

«No Jubileu [da Misericórdia] fui visitar uma das muitas casas da Obra D. Benzi. Jovens resgatadas, uma com a orelha cortada porque um dia não tinha levado o dinheiro, a outra trazida de Bratislava na mala do automóvel, escrava, raptada. Isto acontece entre nós. O tráfico das pessoas», apontou, antes de se referir à mutilação ritual.

A mulher como «refugo». «Pensar que num lugar houve uma discussão sobre se o refúgio à mulher deve ser dado por escrito ou apenas oralmente. Ninguém tem o direito de ter o ato de repúdio. Mas isto acontece hoje», acentuou Francisco.



 

Rui Jorge Martins
In L'Osservatore Romano
Publicado em 08.03.2021 | Atualizado em 15.04.2023

 

 
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