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Arte e diálogo inter-religioso: Selo assinala 800 anos do encontro S. Francisco e o sultão

Para relançar o valor e a atualidade do histórico encontro entre S. Francisco de Assis e o sultão do Egito Malik-al-Kamil, foi emitido um selo celebrativo, apresentado hoje, 1 de março, no Ministério do Desenvolvimento Económico, em Roma.

A sessão contou com as intervenções do ministro, da presidente dos Correios de Itália, e dos padres Mauro Gambetti, custódio do Sagrado Convento de Assis, e Enzo Fortunato, diretor da revista “San Francesco”.

«Com a apresentação do selo que reproduz o fresco de Giotto da basílica superior de Assis e com o carimbo filatélico, celebramos um encontro que marcou uma reviravolta na maneira de conceber o confronto entre religiões, civilizações e culturas, declarou o P. Gambetti.

Depois de sublinhar que «na história recente merece uma menção particular a declaração “Nostra aetate”, do concílio Vaticano II, o responsável recordou alguns acontecimentos marcantes do diálogo inter-religioso entre o catolicismo e o Islão.

Era o dia 6 de maio de 2001 quando João Paulo II entrou na mesquita de Damasco, retomando o fio do diálogo lançado em Casablanca, Marrocos, em 1985. E a 30 de novembro de 2006, Bento XVI entrou na mesquita azul, em Istambul.



«Era o dia 24 de junho de 1219, os anos da quinta cruzada, quando o cristianismo e o islão não tinham pontos de encontro, mas só de recontro. Francisco oferece ao mundo um exemplo de como deveriam ser mantidas as relações humanas»



«Neste caminho de diálogo, chegámos há poucos dias ao encontro do papa Francisco em Abu Dhabi», com a assinatura do documento sobre a “fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum”, afirmou.

«Perante as diferenças, é fácil reagir gritando, fugindo ou agredindo», apontou o P. Gambetti. Mas «há outro modo, plenamente humano, de reagir: vencer a batalha contra o medo. É necessário erguer os olhos e olhar o outro no rosto: é nosso irmão, qualquer que seja a cor da sua pele, qualquer que seja o seu credo religioso».

«Olhemos para a frente, olhemos as pessoas nos olhos, para caminhar longos percursos de reconciliação, nos quais seja evitado o não dito e seja perseguido o bem comum», vincou.

A concluir, o P. Gambetti expressou o desejo de que o selo «possa servir para estimular a escrever e enviar novas mensagens de paz, de fraternidade, de benevolência para com o outro».

O P. Fortunato lembrou que o selo retoma o fresco intitulado “A prova de fogo perante o sultão”. «Era o dia 24 de junho de 1219, os anos da quinta cruzada, quando o cristianismo e o islão não tinham pontos de encontro, mas só de recontro.



«São Francisco despojou-se de tudo, e com o seu exemplo reconduz-nos à importância do amor pelo próximo, reconduz-nos à importância do encontro, do respeito recíproco e à necessidade dramaticamente atual de servir a paz entre os povos, entre as religiões»



Francisco oferece ao mundo um exemplo de como deveriam ser mantidas as relações humanas. O “poverello” apresenta-se sem dogmas, mas com aquele amor que o Evangelho indica ter sido ensinado por Cristo, e que sabe que não pode ser imposto, precipitar-se como um axioma sobre o irmão muçulmano», disse.

O responsável fez votos de que o selo «possa servir para fazer mudar de direções: comecemos a escrever, e a falar, um léxico de paz».

O ministro, Luigi di Mario, acentuou que S. Francisco esteve atento «à pobreza e às diferenças num período histórico onde as divisões sociais eram estratificadas e dificilmente modificáveis».

«Os seus ensinamentos, ocupar-se dos pobres e dar conforto e misericórdia, tornaram-se preceitos universais que superam as barreiras ideológicas e religiosas. Uma mensagem marcante cuja força intrínseca deve ser o farol do nosso agir político», frisou.

A presidente dos Correios salientou que a arte pictórica de Giotto lega «uma representação deste acontecimento de grande valor histórico, religioso e humano. S. Francisco e Giotto, dois homens, duas personagens exemplares, dois revolucionários».

«São Francisco despojou-se de tudo, e com o seu exemplo reconduz-nos à importância do amor pelo próximo, reconduz-nos à importância do encontro, do respeito recíproco e à necessidade dramaticamente atual de servir a paz entre os povos, entre as religiões», assinalou.



Imagem Selo | D.R.

 

Fontes: San Francesco, L'Osservatore Romano
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 01.03.2019 | Atualizado em 08.10.2023

 

 
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